Educação em frangalhos. Sem trocadilho com a charge

O analfabeto funcional sabe ler e escrever, mas não sabe estruturar nem interpretar um texto. Muitos conseguem concluir a universidade, mostrando que o saber não é o mais importante para a obtenção de um canudo neste país em que um ex-presidente da República se vangloriava de sua ´apedeutice´. Esta charge, do cartunista estrangeiro Dan Collins retrata um fazendeiro tratando de suas galinhas, também parceiras sexuais. Pois bem: fato nada engraçado é que a charge serviu como ilustração para trabalho escolar de crianças paranaenses com idade média de… 6 (seis) anos! (Aqui)
Há uns dois anos isso ocorreu, fato amplamente divulgado. Foi um erro, claro, não se pode imaginar uma mente tão doentia a ponto de submeter crianças em tenra idade a algo tão escatológico. Por outro lado, mostra a quantas anda o ensino público, tão ruim que fica à mercê de equívocos inacreditáveis, inaceitáveis e grotescos assim.
Pais, mães, tutores em geral de estudantes da rede pública brasileira já nem se surpreendem mais com a péssima qualidade do ensino. Um exemplo do descomprometimento em ensinar, bem pertinho de nós, bom-jesuenses: depois que acabou a Copa do Mundo — quando os alunos tiveram um mês inteiro de recesso — a Escola Estadual Euclides Feliciano Tardin (Horto) resolveu pintar salas de aula. Resultado: alguns alunos foram dispensados durante duas semanas para não serem prejudicados pelo cheiro de tinta.
Sejamos justos: não são o Horto ou outras escolas especificamente as culpadas pelo péssimo ensino, é reflexo da política educacional brasileira. Desgraçadamente o nosso país é um dos que destinam mais verbas para a Educação, mas um dos piores na gestão dessas verbas. Qual será o futuro do Brasil com alunos que hoje não encontram estímulo para aprender, e escolas que não têm capacidade para ensinar?
Produzido para mídia impressa em julho/2014 – Publicado no Blogger em janeiro/2017