Aqui eu guardo meus escritos.

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Mais uma criança brutalmente assassinada!

Acima, à esquerda, Aracelli Cabrera Crespo, morta por pedófilos influentes de Vitória/ES, em 1973, crime que comoveu o Brasil inteiro, cujos assassinos nunca foram condenados; ao centro, o menino bom-jesuense Serginho, morto pelo próprio tio, vulgo Zé do Rádio, em 1977; ao seu lado, Isabella Nardoni, morta pelo próprio pai em 2008; Embaixo, à esquerda, o garotinho boliviano Brayan, esfolado vivo em junho/2013; ao seu lado, Taninha, de quatro anos, morta e incendiada por uma megera amante do seu pai, em 1964, no subúrbio carioca da Penha.  (Aquiaquiaqui e aqui, textos que fiz sobre Serginho, Isabella, Taninha e outros mártires infantis da crueldade)

Desta vez foi o garotinho boliviano Brayan Yanarico Capcha, de cinco anos, filho único de imigrantes pobres que ganhavam a vida com trabalho árduo na capital de São Paulo. Difícil, muito difícil aceitar tanta covardia de vagabundos que se irritaram com o choro da criança, e apesar do apelo desesperado do menino foi executado sem piedade. Em sua ingenuidade, o pequeno tirou moedinhas do seu cofre e as ofereceu aos marginais — os pais não tinham dinheiro — suplicando que não o matassem nem aos pais. Levou um tiro na cabeça e chegou morto ao hospital.

Que raiva de dimensões planetárias, Deus do céu. Que lágrimas teimosas escapando aos borbotões. Quantos nós no estômago a cada menção da barbárie. Que vontade de embarcar num asteroide e fugir para bem longe da órbita terreal! Como dito, o pequenino havia até tentado contribuir com suas moedas para o ganho do assalto dos desgraçados, mas…, infeliz criança, fora incapaz de atender a ordem dos crápulas brutais para conter o choro de desespero, pelo assombro de ver materializado seu mais aterrorizante pesadelo! Pior é que a parte infame do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), aquela que praticamente diz que guarda-roupas parrudos de 17 anos e 11 meses são anjos, ainda que executem à queima-roupa crianças indefesas como Brayan, pode ser novamente evocada neste caso.

Leio que a polícia “apreendeu” um dimenor — ai de mim se não usar o termo correto ´apreender´ ou citar nomes das feras. Fico sujeito a ser enquadrado em alguma coisa. Se publicar a foto do anjinho, então…, arrisco ser processado, executado e queimado no fogo do inferno. Pior ainda é que li no Jornal da Mídia que um dos assaltantes maiores, presos, disse que o autor do disparo foi… bingo:  o “dimenor.”

Já que estamos na onda das manifestações, poderíamos aproveitar e fazermos outra, específica contra a vergonha de sermos um dos pouquíssimos países que deixam impunes esses animais predadores da própria espécie. Inclusive protestarmos contra alguns pelintras que se dizem defensores dos direitos humanos, que nestas horas fazem de tudo por uma nesga de luz dos holofotes, passando a mão nas cabeças dos delinquentes. Falam de leis, de cláusulas pétreas da Carta Magna, com pose impoluta e palavras que afetam erudição. E sobre as vítimas, suas famílias que nada entendem de leis, mas entendem profundamente de dor e melancolia, só a tentativa de consolo das almas bondosas que não têm a prerrogativa do poder.

Tratemos de lutar para que não mais necessitemos desagravar indignação e revolta apenas com a torcida pela justiça do olho por olho. Como neste caso, em que faço votos efusivos de que os canalhas que mataram Brayan sejam devidamente apresentados aos demais detentos com as credenciais de assassinos de crianças bem explicitadas. É que até os bandidos mais sanguinários têm sua ética, e barbarizar crianças é repulsivo até para eles. Que os colegas de cárcere sejam informados de que o pecado do menino foi tão-somente ser incapaz de dominar a própria inocência!

Publicado em julho/2013