Aqui eu guardo meus escritos.

Obrigado pela visita.

Ganha o céu uma estrela refulgente

 

— Tchau, pai. Vou dar uma volta.

— Vai de quê?

Leonardo Azeredo Vaillant, com o costumeiro sorriso sempre estampado, balançou as chaves do carro novo que o pai Marcos Tadeu havia comprado cerca de dois meses antes.

— Vai com Deus. Devagar, hein! Este foi o último diálogo do jovem de 23 anos com o pai, ocorrido no início noite daquele fatídico 23/12/12.

Por volta de 0h30 meu sobrinho Leonardo viria a falecer no Hospital São Vicente de Paulo em decorrência de um estúpido acidente ocorrido umas quatro horas antes. A comoção em Bom Jesus do Norte foi grande não apenas pela prematuridade da perda, mas também  pelas qualidades de um jovem que esbanjava alegria e vitalidade. Uma semana antes Leo recebera seu diploma de bacharel em Direito. Não pretendia advogar, mas tentar concursos públicos que a especialidade dispusesse.

Inteligente, trabalhador, simpático e agradável no trato com as pessoas, humilde, solidário, isento de vícios (uma ou duas latinhas de cerveja vez ou outra, mais pelo simbolismo social que propriamente por gostar de bebida), amar velocidade era seu defeito. Aliás, uma das poucas é às vezes severas divergências com a família. A mãe Márcia não cansava de recomendar prudência, de rezar e de confidenciar a parentes e amigos que vivia constantemente com o coração na mão pensando no que pudesse acontecer ao primogênito. Lá atrás, quando Leo manifestara interesse em ter uma moto, o pai tentou enfaticamente demovê-lo da ideia. Mas não podia interferir no livre-arbítrio do filho, e quando este, de maior idade, oficialmente habilitado a pilotar, usando o próprio dinheiro ganho no trabalho apareceu com uma reluzente Honda de 350 cc, tudo o que a família podia fazer era persistir nas recomendações. Por ironia, foi com o carro que perdeu a vida!

Está difícil para os familiares se conformarem com a terrível perda. A saudade dói demais, o vácuo da ausência é monumental, os referenciais de vida se perderam nos desvãos do sofrimento. Mas o conforto reside na fé e na capacidade de serem fortes, reside nas doces lembranças de Leonardo. É confortante tantas manifestações de solidariedade, a constatação de tão amplo círculo de amizade que Leo fez com sua capacidade toda especial de seduzir, a intensidade de luzes e de cores que emanam dos sentidos dos que o conheceram.  Prazeroso é o tamanho do apreço e da consideração das quais era credor, de tê-lo na conta de bom filho e bom irmão da Esthefany, sendo o pai um ídolo que até mereceu o nome tatuado no braço.

Leonardo Azeredo Vaillant. A maior dor que atingiu os corações foi sua perda!

Publicado em janeiro/2013