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Peregrino da cultura

Pedro Teixeira está sempre em cima do lance. Não deixa passar “de passagem” nenhuma bola, digo, nenhum detalhe importante ao seu rico arsenal de causos e casos que povoaram a imaginação de sua gente ou se fizeram reais na sua querida São José do Calçado, fonte suprema de inspiração e energia motora da sua intensa atividade intelectual. Pedro é um “pelinha”, no bom sentido. Rato de biblioteca, traça de papeis amarelados em qualquer lugar que fareja, é também um espião disfarçado nas rodas de papo à espreita de uma palavra, uma frase, uma oração que capta num relance com terceiras intenções de ordená-las magistralmente, transformando-as em estímulo à nostalgia e acessório do imaginário coletivo.

Virtuose no estilo de cirúrgica precisão — nem prolixo, nem lacônico — Pedro garimpa incansavelmente a informação bruta, rudimentar, e a transforma numa joia. Este último “Nossa terra, nossa gente, nossa história”, obra de grande valor documental demonstra a versatilidade do autor que incursiona com igual desenvoltura do pitoresco ao intrigante, do leniente ao perturbador, em situações reais ou imaginárias, mas sempre dissecadoras da alma e dos fatos de antanho.

Com Pedro Teixeira na área São José do Calçado não sofre o gol do ostracismo cultural. Ele, no ataque, é um azougue contra a meta do esquecimento.

Com mil fardões!

Publicado em abril/1999