O último dos Moicanos

O provérbio chinês “sempre fica um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas cai como uma luva em Pedro Teixeira. Escritor e historiador calçadense, é talvez o último dos Moicanos de sua geração a lidar com tema tão exigente de pesquisa documental, determinismo, seriedade, credibilidade. Suas mãos são impregnadas pelo perfume das flores, que nos ofertam sob a forma da valorização do passado, e do registro o mais fidedigno dos atos, fatos e das coisas pretéritas.
Em livros onde o tato não faz sentir o papel inanimado, mas algo muito vivo e palpitante, suas mãos tecem sempre palavras de fácil entendimento, frases simples, com objetividade cirúrgica. Ler Pedro Teixeira tem se tornado para mim, e certamente para todos os que são seduzidos pelas origens, motivo de enleio. Como disse o presidente da Sociedade Pro-Apiacá, Carlos Alberto Silveira Rangel, que prefaciou seu último trabalho “Apiaca – a história de um povo e sua terra capixaba”: “Pedro não se deixa levar pela tentação de parecer erudito
para impressionar o leitor, preferindo usar uma linguagem clara, de fácil entendimento, o que empresta ainda mais credibilidade às suas obras.”
Notável seu trabalho de pesquisa, a perseverança nos projetos, a paciência na garimpagem dos papéis amarelecidos que o ajudam a recompor o passado, como se vê nas páginas desse “Apiacá…”; no “A saga de uma raça capixaba”; em “Nossa terra, nossa gente, nossa historia”; “O último carro de boi da Vila do Calçado”, entre outros já publicados, assim como se verá no “Memorial histórico e político das duas Bom Jesus”, em “Nossa terra II” e mais alguns na cabeça, ratificando o seu delírio criador.
A seleta de fragmentos, ao se transformam em compêndios, nos oferece referências cronológicas completas e qualitativas, com começo, meio e fim, um puzzle complexo que exige do autor prolífico muita tenacidade e amor pelo que faz. Pedro Teixeira, a exemplo de Hawkeye, que lutou bravamente pelos princípios da tribo Moicana, também luta para que os seus possam conhecer melhor a própria identidade e assim atribuir-lhe o justo valor, que é maior do que se pensa.
Publicado em julho/2001