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Compram-se pires; ou, vendem-se gatos

Certa vez vi na Internet uma mulher tão apaixonada, tão ligada a gatos que transformou sua casa num “gateiro” impressionante. Gatos na pia da cozinha, em cima da geladeira, no lustre da sala, dependurados nas cortinas, em todo centímetro quadrado da casa. De todas as cores e tamanhos a mulher colecionava, dizendo que sair à procura dos bichinhos abandonados para cuidar deles é seu passatempo preferido. Mal comparando com uma colmeia, se acaso abrisse um buraco na parede da casa da mulher sairia uma nuvem de gatos!

Falo disso e lembro de uma história (ou estória) que Pedro Teixeira contou num de seus livros, de um casal erudito da cidade grande que, ao visitar uma fazenda aqui da região viu um gatinho tomando leite num pires — na realidade, uma porcelana rara do século XVIII, extremamente valiosa para colecionadores. Então, de olho no objeto, mas não querendo despertar a curiosidade do matuto proprietário do lugar, resolveu fazer uma oferta pelo animal.

— O Sr. não vende o gatinho?

— Vendo, sim sinhora.

— E quanto quer por ele?

— Humm…, R$ 50? (coloco em moeda atual para facilitar o raciocínio).

— Fechado.

Ato seguinte, a mulher pega o pires, mas o matuto o toma de volta:

— O pires não está no negócio.

— Mas…, como vou dar leite ao gatinho sem o pires que ele está tão acostumado?

— A sinhora dá em outra vasilha, ora — responde o matuto.

— Então eu compro o pires.

— Não vendo.

— Por quê?

— É que por causa desse pires eu já vendi uns 200 gatos!

Publicado em junho/2013