Aqui eu guardo meus escritos.

Obrigado pela visita.

Caos na Saúde Pública para a plebe rude; Sirio Libanês pago a peso de ouro pela plebe rude para a casta política privilegiada

O Hospital Sirio Libanês, em São Paulo, um dos mais completos e avançados do Planeta frequenta o noticiário com bastante regularidade, quase concorrendo com a previsão do tempo. Isto porque 10 em cada 10 famosos e notáveis — políticos em profusão — lá acorrem quando daqueles terríveis momentos em que a vida se vê ameaçada. Principalmente para políticos de todos os naipes, oriundos dos mais variados recantos brasileiros, o Sirio Libanês é o amigo certo das horas incertas. Alguns para lá se deslocam em reluzentes jatinhos e helicópteros.

Para a plebe, só desacolhedores incertos. Incertos, não sabidos, esquivos. Muitas vezes aboletados numa Van ou veículos outros, consomem-se em longas viagens para municípios um tantinho melhores que os de origem, curtindo sua dor física e sua amargura dessa tremenda, terrível, inaceitável injustiça social. Lá se misturam aos nativos, formando uma massa de desesperados e desesperançados. E o país tão vasto, tão rico, nada menos que a 6ª economia do Mundo, que gasta bilhões de dólares para sediar Copa do Mundo, outros tantos bilhões para nutrir a corrupção desenfreada, destina migalhas para a Saúde da população.

A situação lamentável dos hospitais abarrotados, atendendo a pacientes nos corredores, com carência de médicos, sem medicamentos, incapazes de realizar o mais simples procedimento, pululam no noticiário como um contraponto cruel e infame aos boletins do Sirio Libanês. Estes boletins são lidos com a fleuma de um lorde inglês por médicos componentes da mais fina flor da ciência, que em seus jalecos alvíssimos e de boa grife dão aos desventurados os informes sobre a quantas anda o tratamento do figurão da hora.

O senador Cristóvam Buarque foi ridicularizado certa feita ao sugerir um projeto que obrigasse a que todo político devesse educar os filhos em escolas públicas. Só assim, dizia o senador, teríamos uma Educação de qualidade. E da mesma forma que na Educação, se ao político fosse vedado o atendimento em instituições particulares de saúde teríamos o melhor sistema do mundo. Um dos candidatos a prefeito de Bom Jesus do Itabapoana/RJ se diz disposto a, entre outras coisas no setor, reabilitar o Hospital São Vicente de Paulo. E sabe que o município nada tem a ver com a administração da entidade, que é de natureza privada. Mesmo assim, propõe-se a interagir com a direção, afirmando que poderá até despachar o expediente como prefeito dentro das dependências do nosocômio até que ele volte ao atendimento pleno de outrora.

Se essa disposição do candidato é em sentido literal ou figurada, pouco importa, mas a mensagem que dela se manifesta, sim. Neste sentido, e enquanto a Saúde estiver tão calamitosa, prefeitos, governadores e até a presidente da República deveriam despachar nas secretarias de Saúde e no Ministério da Saúde. E só retornarem a seus gabinetes suntuosos quando a população que lhes paga o Sirio Libanês puder dispor de centros de saúde condizentes com suas necessidades e direitos.

Publicado em setembro/2012

Assim enfraquece a amizade. Pintura da Passarela de Bom Jesus pela metade revela mentalidade curta, tosca

Construída e inaugurada em 6/5/2000 num esforço conjunto dos dois municípios de Bom Jesus (do ltabapoana/RJ e do Norte/ES), a Passarela da Amizade, que une os bairros Silvana, no lado capixaba, e o Lia Márcia, no fluminense, caminha para seu 8° aniversário amargurada pelo descaso que a vitimou. A estrutura mais parece uma pinguela tamanho família! Grades de proteção arrebentadas, gambiarras elétricas sujeitas às intempéries servindo para ninhos de pássaros, corrosão.

A insensibilidade das autoridades, que parecem não se preocupar sequer com a segurança dos passantes (que dirá com o visual melancólico, provinciano no pior sentido) intensifica a probabilidade do risco tanto de acidentes quanto de assaltos. Na única cabine, que fica no R.J., não há mais policiais; e não consta que haja inspeções periódicas para aferir a integridade estrutural. Há cerca de um ano a prefeitura de Bom Jesus do Norte realizou uma pintura, mas levando ao pé da letra a característica de obra conjunta: só meia passarela recebeu as demãos abençoadas, o que, para o aspecto geral, foi inútil como um cônego, segundo Almeida Garret. Ficou pra lá de esquisita aquela união com tão gritante “diferença de idade”.

O outro lado não fez a sua parte menos, talvez, para ridicularizar a valorosa passarela, e mais porque a tinta, presume-se, está com o preço pela hora da morte. Ou terá sido por outros motivos? Ninguém ignora que a reação mais negativa quando da construção veio do lado fluminense, especialmente de alguns residentes no bairro Lia Márcia que torceram os narizes com o maior fluxo de pessoas transitando em seu território. Mas vale acentuar que a ponte beneficia ambos os municípios e seus munícipes: um lado beneficia-se do encurtamento das distâncias; o outro, dos que trafegam. Perguntem aos comerciantes de Bom Jesus/RJ se gostaram da facilitação do acesso aos seus fregueses; perguntem aos trabalhadores capixabas que ganham a vida no lado fluminense se é bom economizar sola de sapato. Só não perguntem como vão os entendimentos entre os dois governos.

O silente protesto da passarela é mais eloquente do que as palavras. Ela diria, se pudesse: “fica combinado que de dois em dois anos os municípios se revezam na pintura, mas que sejam práticos. Deem as louváveis pinceladas em toda a minha extensão para não me deixarem com a cara limpa e o traseiro sujo, ou vice-versa; inspecionem de vez em quando minha estrutura, pois não quero me espatifar no leito do rio com gente a bordo; que o R.J. mande assentar a “fantástica quantidade” de uns 300 paralelepípedos no meu portal de entrada. Eu e os que me utilizam merecemos; que o E.S. instale uma cabine de polícia para revezar com o Estado fronteiriço; que se esmerem na minha limpeza e conservação; que coíbam alguns mal-educados que insistem em pilotar suas motos e guiar suas bicicletas em cima de mim, colocando em risco a integridade física dos outros; que atentem, enfim, para a minha aparência e pela dos demais próprios públicos, que muito revelam do sentimento que os povos e respectivos governantes nutrem por seus campos que, diz o Hino, têm mais flores.

Publicado em novembro/2007

Política com competência, honestidade e idealismo é possível; o diabo é encontrar quem tenha estas condições reunidas

Estamos presenciando o começo das escaramuças eleitorais visando as eleições municipais do ano que vem, onde a cantiga tediosa se repete sem uma nota de criatividade sequer. Na composição dos nomes, pelos pontapés iniciais que se assistem, será aquele joguinho manjado, enfadonho: jogadores medíocres que tratam a redondinha nas canelas suarão a camisa num esforço para convencerem a plateia de que batem um bolão, de que possuem algum talento para o jogo tão importante de quatro anos. Pessoas que beiravam as raias da inimizade pessoal por desavenças políticas acenam com a possibilidade de reconciliação e composição grupal em nome do “interesse público” (realcem-se as aspas).

Gente despreparada, desqualificada, incompetente, cujo dicionário ressente-se das palavras trabalho, dedicação e sinceridade pulula feito vagalume num frenesi histérico ante o festim diabólico significado pela aceitação de seu nome para a disputa de cargos majoritários. Para gerir a coisa pública, boa parte destes têm a mesma capacidade administrativa, o mesmo talento que a Vênus de Milo para jogar basquete. Numa era de declínio moral, em que a pessoa, o ser, vale o quanto tem no banco, na política vale tanto quanto o total de votos é capaz de acumular, independentemente da forma que o faz. Mas pessoas sérias, honestas, competentes, que não possuem a chamada “representatividade política” independentemente do porquê não a tem, são ignoradas solenemente nestas composições.

Didatismo mais claro: um candidato preferirá estar acompanhado de alguém que somará a maior quantidade de votos, ainda que este alguém seja absolutamente incapaz de pensar além do próprio ego, tacanho na forma e no conteúdo, tosco no estilo e nos princípios. Convocará seus auxiliares de acordo com o resultado das urnas e dos seus compromissos pessoais, quase nunca estimulado pela competência, pelo ideal público. Os resultados, como não poderiam deixar de ser, serão como sempre serviços públicos ruins, corrupção, inércia administrativa.

O que alenta é que em meio aos maus existem os bons, claro, como em qualquer atividade. Mas estes bons precisariam ter a capacidade hercúlea, a disposição e a coragem de enfrentarem um sistema político viciado, anacrônico, na tentativa de conferirem à sua trajetória o ideário acima intitulado. Nas duas Bom Jesus, em Apiacá e em São Jose do Calçado, para nos atermos apenas à esta microrregião, existem nomes nos quadros públicos e nos privados que poderiam ser aproveitados em prol de gestões profissionais, consequentes, qualificadas. Suas excelências, os respectivos prefeitos e outras lideranças poderiam muito bem tornarem-se vanguardistas da modernidade, artífices do esmagamento impiedoso do velho paradigma que premia o patético, o inerme e o incompetente em detrimento da capacidade intelectual e produtiva. A quebra deste paradigma deveria ser tão completa a ponto de conferir autoridade e exigência de desempenho à figura hoje decorativa do vice-prefeito ou da vice-prefeita.

Desnecessário o esmero de chegar a colocar retratos destes ou destas nas paredes públicas. Todavia, um mínimo de preparo e de idealismo à causa pública deveria ser deles exigido, tornando-os merecedores do bom salário que auferirão. Uma administração congregada em competência e praticidade, assentada nos alicerces do amor por seus municípios é possível, sim. Mas exige desejo de mudanças por parte dos caudatários da banalidade e da mistificação, que flertam e apostam sempre na ignorância de um povo, fazendo do sonho deste povo um meio de vida.

Vejamos quem se levantará em triunfo destes escombros, sacudindo a fuligem e colocando, determinado(a), as luvas da reconstrução do civismo, da moralidade e da ética.

Publicado em julho/2007

A coisa está mesmo feia para o Brasil e os brasileiros. Segundo Lula, parece que não há escapatória

O ex-presidente norte-americano Herbert Hoover (1929 a 1933), que viveu de 1874 a 1964, dizia: “Quando adoecemos, queremos um médico extraordinário. Se temos uma construção a fazer, queremos um engenheiro fora de série. Somente quando estamos na política é que nos contentamos com homens comuns”.

Reduzindo o raciocínio em nível de município, imaginem o amável leitor e a graciosa leitora o seu prefeito ou a sua prefeita, o seu vereador ou a sua vereadora. São preparados? Conseguem juntar lé com lé, cré com cré nas concatenações de raciocínio quanto aos problemas de suas cidades? Planejam as ações resolutivas para saná-los?  Acercam-se de auxiliares reconhecidamente competentes, qualificados em cada setor específico de modo a propor e desenvolver métodos e fórmulas eficazes de aprimoramento dos padrões de serviços prestados à população? São pessoas que, como a maioria dos brasileiros, vivem unicamente à custa dos proventos obtidos honestamente? Levam eles vidas regradas, conceitualmente compatíveis com usos e costumes? Possuem comprometimento de ordem sentimental com suas cidades? Servem-nas, ou servem-se delas?

Agora raciocine de outra de modo literal, como Hoover fez no figurado: você está no leito de uma sala cirúrgica e vão abrir sua barriga. Há duas pessoas ao seu lado: uma, formada em Medicina; outra, nunca viu um bisturi. É claro que você vai preferir que a primeira mexa no seu umbigo. A planta do seu prédio está sendo feita por quem não sabe regra de três! Fato é que a política encerra em si os mecanismos que movem as demais atividades do homem.

Saúde? Depende da política; Educação? Depende da política; Segurança? Depende da política. O que mais a gente imaginar, depende da política.

E ainda há lorpas e pascácios, como dizia Nelson Rodrigues, que se jactam de não darem a mínima para a política.

“Detesto política, não me inteiro do assunto, não voto em ninguém, não preciso, não quero saber”, vocês já devem ter ouvido alguém comentar, não é mesmo?

Tal pessoa, quando capotar numa estrada por estar esburacada, vai se machucar, ou morrer, por causa da política que ela nunca fez questão de saber.

Quando ela perder o emprego devido as condições econômicas adversas; quando ocorrer como agora com os venezuelanos, e não puder nem comprar o papel higiênico, vai ter de lavar o fiofó, se tiver água, ou ficar com ele sujo, por causa da política.

E quando chegamos ao fundo do poço da questão política brasileira, eis que nos deparamos com um novo começo, poço este cujo fim, tal como o universo, é infinito:

“O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês”.

Lula, minha gente, disse isto aí em cima, no convescote de comemoração do 10º aniversário do PT no poder (posso escrever igual pharmácia antigamente? – no phoder).

E disse com todas as letras!

Agora, um raciocínio lógico: se em toda regra há exceções, por onde andam essas exceções que não deram um tranco no “Nosso Guia”, como Elio Gaspari denomina o ex-presidente?

Não ouço um pio…

Será que a política brasileira é tão predatória que engoliu até o adágio?

Publicado em maio/2014

Não aos chupa-cabras. Ou, as sanguessugas verdadeiras não merecem ser associadas a gente tão podre!

Muitos deputados mensaleiros, sanguessugas, cuequeiros, maleiros e dançarinos, sem o menor constrangimento, com a cara mais cínica e lavada dizem que vão tentar se reeleger em outubro. Eles não admitem abertamente, mas é claro que contam com a impunidade total, inclusive por parte de quem é o único que pode encerrar suas carreiras de crimes ultrajantes: o eleitor brasileiro. Este ente meio que drogado, anestesiado e conformado — o eleitor — rapidamente passou do assombro e da estupefação para uma espécie de letargia, de torpor, onde nada mais o estarrece nem lhe desperta o senso de indignação.

Um pouco de didatismo: as populações das duas Bom Jesus totalizam cerca de 50 mil pessoas (o senso 2000 do IBGE dá 32 mil para o lado fluminense e 9 mil para o capixaba, mas arredondemos generosamente estes números). Os R$ 1 bi que os sanguessugas roubaram dariam para distribuir cerca de R$ 2 mil a cada cidadão bom-jesuense, repita-se, TODOS, sem nenhuma exceção, tanto os do ES como os do RJ, inclusive os bebês. Uma família de cinco pessoas teria em sua conta bancária R$ 10 mil, suficientes para comprar uma modesta quitinete ou quase um carro popular. E vejam só: apenas com o que roubaram os sanguessugas! Já pensaram se a conta englobasse os mensaleiros e os demais infernizantes “deste país”?

Mais didatismo: o distinto trabalhador que se angustia todo fim de mês com os impostos e encargos diretos descontados no seu contracheque, paga ainda 82% de imposto indireto para o cigarrinho do dia a dia; 58% para a gasolina; 53% para o xampu; 56% para a cerveja; 53% para o DVD; 83% se gostar de uma cachacinha; 36% para os remédios; cerca de 40% para os alimentos; 50% em média para o material escolar; 47% para o vaso sanitário de sua casa e por aí afora. Para onde está indo essa dinheirama, nem é preciso dizer.

Não à-toa a deputada rechonchuda exorbitou na sua dança de conga acintosa ao povo brasileiro, comemorando a absolvição de um colega pela mais ultrajante e perversa impunidade que assola o brasileiro, prometendo “voltar nos braços do povo”. Vejam a que ponto chegamos. Quando se fala do bandido Marcola ou do Fernandinho Beira Mar, párias da humanidade, deveríamos, no entanto, fazer-lhes justiça pelo menos no ponto em que, ao contrário do que se diz, não são eles os mais sanguinários, porquanto eles matam e barbarizam de forma localizada, enquanto os nossos bandidos de terno, travestidos de homens do povo matam o doente nas filas quilométricas dos hospitais sem remédios, sem leitos e sem médicos, de forma generalizada. Matam muitas pessoas de fome, de desemprego, de deseducação, de insegurança. Não satisfeitos, matam a esperança, a fé, a alegria. Desnudam nossa soberania, devassam nossas vidas, sugam nossa dignidade.

As sanguessugas verdadeiras, vermes parasitas que até chegaram a prestar serviços nos primórdios da Medicina não mereciam ter seu nome associado a gente tão podre, indelevelmente nauseabunda, velhaca. Nossas sanguessugas de gravata deveriam ir pros quintos, mas ao contrário, estão convencidas de que vão habitar novamente aquela que deveria ser a Casa das casas, mas que se transformou nos últimos anos no valhacouto de patifes, salvo as honrosas exceções que não se sabe como respiram aquela atmosfera pútrida e virulenta. O eleitor, por mais desmotivado e desesperançado não tem o direito de trair seus descendentes permitindo tamanha ignomínia.

Numa região da Romênia, no século XVIII, reza a lenda que as pessoas andavam munidas de uma cruz e réstias de alho para espantarem o Conde Drácula. Nas próximas eleições, o povo brasileiro deveria se munir também da estaca porque o vampiro é mais sedento que o morcegão da literatura. Deixar as carótidas de filhos e netos (que serão no futuro quem mais sofrerão as consequências do desgoverno de hoje) à mercê desses crápulas de caninos afiados é decretar-lhes anemia perpétua e infelicidade perene.

Vade retro!

Publicado em julho/2006