Aqui eu guardo meus escritos.

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Moradora de Bom Jesus do Norte dá à luz trigêmeos

Eles são bebês lindos, saudáveis. Mas Gabriela Sabóia, 27, até o quinto mês de gestação pensava vir apenas um irmãozinho ou uma irmãzinha para a filha Michele, 10, estudante da 3ª série no Colégio São Sebastião, município de Bom Jesus do Norte/ES, onde reside. No quinto mês, a ultrassom lhe deu uma maravilhosa notícia: gêmeos. E no exame posterior aos sete meses, outra surpresa: trigêmeos! O médico brincou: “no próximo exame serão quatro”, conta a mãe, orgulhosa. Artur, Mirela e Milena vieram à luz de parto cesáreo rigorosamente aos nove meses de gestação, sem precisarem de incubadora, o que é um fato raro. De acordo com os médicos, acontece um em oito mil. “O fato de as crianças terem nascido a termo, isto é, com 37 semanas, é raro; no caso de trigêmeos é normal o nascimento das crianças se antecipar”, disse um obstetra bom-jesuense.

As crianças, filhas de Gabriela e Alessandro Rezende, 30, nasceram no dia 14/9 no Hospital Evangélico, de Cachoeiro de Itapemirim. Artur, com 2,770 kg e 46 cm; Mirela, com 2,345 kg e também 46 cm e Milena, com 2,080 kg e 41 cm, cada qual numa placenta diferente renderam reportagens nos dois jornalões da capital (A Gazeta e A Tribuna). A mãe trabalha como doméstica (está de licença). Ela diz, com uma ponta de pesar, que deverá deixar as crianças na creche assim que retornar ao trabalho. Agradecida, disse ter ganhado todo o necessário para cuidar dos bebês, como roupas, fraldas, leite especial Nanon, entre outros.

Publicado em outubro/2006

Saúde particular dificulta ainda mais para os padecentes

Desnecessário tecer mais comentários sobre a saúde pública brasileira, nesta altura em que a capacidade de indignação do povo morreu por se exercitar demais ao longo do tempo. Mas no aspecto da iniciativa privada, essa indignação ainda respira por aparelhos e espero que se fortaleça sob pena de virarmos zumbis. Quem tem plano de saúde vê-se às voltas com problemas desde prazos longos para agendamento de consultas até recusas na cobertura de procedimentos. Quem não tem convênio sofre obviamente ainda mais, não apenas pelas razões intrínsecas, mas por insensibilidade dos profissionais do setor. Um exemplo é o valor cobrado para consultas e exames.

Posso estar enganado e corrigirei o informe se me provarem o contrário, mas considere-se com sorte se pagar R$ 120 por uma simples consulta, já que os preços variam com uma lógica incompreensível, chegando a R$ 250 em consultórios convencionais (quase meio salário-mínimo). Se o profissional em questão for um bam-bam-bam, então… Outra coisa: parece mesmo que combinam entre si não aceitarem pagamento via cartão de crédito, dinheiro de plástico amplamente aceito nas mais variadas atividades e que quebra um galhão danado principalmente quando das necessidades imediatas, como é uma emergência médica. Mas não. Enquanto a grande maioria do empresariado em geral aceita os cartões, prestadores de serviços médicos, não. Isso eu senti na própria pele, e não só em Bom Jesus; em Itaperuna também, e temo que em todo lugar.

Por que isso? Qual a lógica que há por trás desse repulsivo comportamento que trafega na contramão da modernidade? É difícil aceitar que uma pessoa possa usufruir de um meio de pagamento que lhe permite tanta coisa, mas não a manutenção de sua saúde, o bem mais precioso. Vá entender tamanha contradição!

Em tempo: uma exceção que conheço é a clínica de gastroenterologia localizada em frente à Estação Rodoviária de Bom Jesus/RJ. Lá, aceitam-se cartões.

Publicado em janeiro/2013

Sinalização em Bom Jesus do Norte

Finalmente sinalizaram a cidade, mas para não fugir à regra quase geral, o trabalho foi feito às pressas, de modo perfunctório, incompleto. Então era isso aí na foto o que sonhávamos para nossa cidade há muito tempo? Umas linhas amarelas e umas plaquinhas eram objetos de nossa reivindicação que passa de duas décadas, cuja cobrança em inúmeros textos que produzi já começava a ficar ridícula pela repetitividade? E o sistema de mão única prometido desde a época do rascunho da Bíblia, que seria na verdade a espinha dorsal de um trânsito moderno? E os projetos de paisagismo sempre presentes nos palanques e nos planos mentirosos de governo? E os belíssimos portais de entrada? E as indefectíveis placas “Turismo é investir na qualidade de vida” que continuam com sua corrosão cada vez mais ameaçadora à integridade física das pessoas, tendo já assassinado a gramática e o aspecto visual da cidade?

Francamente…

Publicado em janeiro/2013

Festa do Carro de Boi em São José do Calçado/ES

A VII Festa do Carro de Boi, que será realizada simultaneamente com o III Festival de Sanfona e a XXXIIExposição Agropecuária, de 4 a 7 de setembro de 2008 no município de São José do Calçado, Extremo-Sul Capixaba vem se constituindo numa das mais representativas da região, trazendo para os dias atuais um pouco da história desse meio de transporte desbravador do progresso. Para os saudosistas, o evento sempre é uma excelente oportunidade de viajar no tempo, relembrando uma época em que a integração dos seres humanos com os animais domésticos era mais harmoniosa e proveitosa.

Para os jovens, também uma excelente oportunidade de visualizar os carros de bois e os carreiros, sentindo na prática o que os pais e avós lhes ensinam de um passado do homem em harmonia com o seu limitado poder tecnológico, que, entretanto, não lhes tolhia a dedicação ao labor diário, a alegria de viver e a fé no crescimento moral e material de sua comunidade. O tema inclusive foi magistralmente retratado no “O último carro de boi da Vila de Calçado”, livro do escritor e historiador calçadense Pedro Teixeira. O último miniconto do livro é um dos mais plangentes da literatura regional: trata da saga do carreiro Zé Bicuíba, que teve um fim trágico por sua teimosia em realizar o maior sonho da vida, a de entrar com seu carro de boi pelas ruas pavimentadas de um lugarejo.

O destaque da Festa de carros de bois fica por conta do carreiro José Benedito Nunes, 74 anos (foto), que sempre puxa o desfile conduzindo sua família em cima de um desses veículos. Pode-se dizer que Zé Benedito nasceu num carro de bois. “Criei minha família com essa profissão. Cheguei a viajar mais de 18 Km de uma só vez”, conta, orgulhoso.

José Benedito Nunes – Um carreiro entre tantos                 

Ele mantém vivo um comportamento comum na época em que não havia automóveis, muito menos asfalto nas estradas. E conta como eram identificados os proprietários dos carros: “A gente sabe é pelo canto do carro de boi”, explica, acrescentando que quanto mais pesado, mais estridente é o canto característico resultante da fricção do eixo com as rodas.

Ze Benedito é provavelmente o maior colecionador desse gênero rudimentar de transporte no Espírito Santo. Em sua propriedade ele mantém quatro carros, cada um podendo ser puxado por até oito animais. Ele tem hoje como companheiro de desfile o filho Sebastião Carlos e a neta Amanda, cada qual conduzindo um carro. Eles já desfilaram em Guaçui e Vargem Alta.

Publicado em setembro/2008

Deixá-lo morrer é covardia! O que mais causa danos ao Rio Itabapoana é o desprezo e a insensibilidade

 

Em abril de 1995 começou a ser elaborado na sua concepção acadêmica o Projeto Managé, criado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) a partir de uma solicitação feita à universidade por representantes das cidades limítrofes a Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste do R.J., e os de Bom Jesus do Norte, no Extremo-Sul do E.S., duas das que mais sofrem pelos problemas ambientais que a afetam o Rio Itabapoana.

Lançado oficialmente em 1997, o Managé foi um programa pioneiro que visava empreender ações integradas de ensino, pesquisa e extensão aplicadas à gestão pública, em prol do desenvolvimento regional sustentável da Bacia Hidrográfica do Itabapoana (264 km de extensão), integrada por 18 municípios dos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A UFF, no intuito de viabilizar todas as atividades do Projeto, além de desempenhar o papel de instituição coordenadora, tem, ou tinha como função exercer o de agente articulador, mediador e integrador nas instâncias política, institucional, técnico-cientifica e financeira, através de parcerias com órgãos federais, estaduais e municipais e com universidades brasileiras e estrangeiras, organizações não-governamentais e iniciativa privada. A duração estimada de 20 anos foi o tempo julgado razoável para que fosse estabelecida uma mudança das condições socioeconômicas, políticas e culturais que garantissem a sustentabilidade da Bacia.

Projeto submerso
Este projeto, no entanto, parece estar fazendo água. O próprio site oficial do Managé está desatualizado desde o início de 2000, remanescendo como chamada de capa do seu último informativo a inauguração da Usina de Rosal. Pouco ou nada se percebe de melhorias para o rio, seja no aspecto da integração politica pela busca de uma metodologia única para o portentoso objetivo comum aos 18 municípios, seja nas próprias ações efetivas de recuperação do importante manancial. Ate por isso, e fundamentalmente por ser com certeza o município que mais sofre principalmente pelo assoreamento que forma a cada dia mais e mais prainhas de areia grossa, preta de resíduos sólidos no leito do rio — qualquer cheia vira enchente — louvável foi a atitude de Bom Jesus do Norte em tentar chamar a atenção para os graves problemas do Itabapoana ao realizar a “Descida Ecológica” com canoeiros de ONGs ambientais do E.S. na última Festa do município, realizada em fins de abril último. A numerosa população do Bairro Silvana, que serpenteia quase toda a orla urbana bom-jesuense-do-norte do rio sofria os revezes da natureza em periodicidade intermitente, mas nos últimos anos o drama tem sido contínuo. Isto é sintomático de que a doença, em vez de regredir, está em alarmante progressão!

Falácias
Lamentável foram, todavia, a improvisação e a falta de planejamento para o evento, parecendo ter sido inserido às pressas na programação da Festa, num impulso que pareceu mais para cultuar aparências do que propriamente alcançar a finalidade real a que se destinava. Embora,  repita-se, foi uma atitude louvável, a pouca divulgação, o curto tempo para tonificar o apelo prejudicaram consideravelmente a adesão das pessoas à Descida, que na realidade não parece ter estimulado sequer as autoridades politicas da região, inclusive as das duas cidades citadas — as que mais sofrem as consequências das agressões ao rio, e, em represália, reações às vezes violentas do rio: as cerca de 20 embarcações, entre canoas, caiaques e botes, devem ter acomodado umas 30 pessoas. Na ponte que une as duas cidades, um número até expressivo de populares assistia a navegação. Apenas um vereador lá se encontrava. De Vitória vieram dois políticos de relativa expressão: a deputada estadual Luzia Toledo e o ex-presidente da Assembléia e atual secretário Estadual de Agricultura e Meio Ambiente do E.S., César Colnago. Da região, apenas os prefeitos de S.J.Calçado, de Apiacá e de B.J.Norte. O de Bom Jesus do Itabapoana mandou uma representante porque tinha compromissos oficiais mais importantes no horário programado para a Descida.

Conclusão
Não serão com ações pífias e de conteúdo empreendedor superficial como esse que o Rio Itabapoana poderá oxigenar melhor sua vida aquática. Em primeiro lugar, parece claro, é preciso surgir lideranças indiscutivelmente comprometidas com a ideologia do respeito ambiental, sinceras na sensibilidade e na disposição ao trabalho com criatividade. Daí à persuasão, ao diálogo, à distinção do parceiro realmente disposto e, daí, à união para ações conjuntas. Ainda que fosse possível só dois dos 18 municípios cuidarem do pedaço do rio comum a estes, de que adiantaria? Antes que o Itabapoana se transforme num Tietê, rio que edificou a maior megalópole do país, mas parece hoje estar em coma irreversível, urge que um prodígio de vontade coletiva aconteça para que se possa aproveitar o bom momento econômico do país que está “botando dinheiro pelo ladrão” sem saber em que empregá-lo.

O Governo Federal reclama a ausência de projetos consistentes para uma gama variadíssima de setores, entre os quais os relacionados ao meio ambiente, e os municípios podem e devem botar a cachola própria ou a de terceiros para funcionar em busca desses recursos. É necessário abolir a acomodação de quem se contenta estar a reboque dos respectivos Estados, à mercê do humor, da disposição e da consciência de seus governadores, tirando ad aeternum as castanhas do fogo com mãos alheias. O momento, se não for agora, poderá ser nunca. E às populações cabe a tarefa de exigir de seus representantes as atitudes em prol do rio que as serve, repudiando os discursos de pura retórica que não passam de escritas nas águas do Itabapoana, turvas de poluição e de descaso.

Publicado em maio/2007