Aqui eu guardo meus escritos.

Obrigado pela visita.

Você conhece eubiótica?

 

Não conhece? Despreocupe-se. Não significa que você seja um apedeuta. Nosso idioma é muito rico e há grande variedade regional, o que complica.

Você sabe o que é um caga-sebo? E um caga-fogo? Veja só: palavras tão grosseiras para designarem um inocente negociante de livros usados e um prosaico beija-flor, respectivamente. Atucanar, no entanto, soa bonitinha, mas significa apoquentar, aborrecer.

— Meu filho, pegue seu pintão, leve a piranheira e bote-as na abertona. Calma, não endoidei. Isto quer dizer: — Meu filho, pegue sua fruta de vez (pintão), leve a planta euforbiácea (piranheira) e bote-as na abertura do porão do navio (abertona). Desculpe, leitor mais sensível. Sei que essa é uma situação inverossímil, mas preciso ganhar a vida. Além do mais, até há pouco tempo não havia gente que defendia o salário-mínimo a R$ 700, repudiava o FMI e defendia a dignidade dos velhos aposentados? Pense bem. Não sou só eu o obsceno!

A complexidade do idioma torna possível esta frase: “O marido dela despicou e praticou uxoricídio.” Tradução: O marido dela vingou-se (despicou) e matou a própria mulher (uxoricídio). Ou esta: “O rapaz abichou e agora é rabunador.” Não tire conclusões apressadas. Certamente o rapaz conseguiu coisa vantajosa (abichar) e prepara cortiça para fazer rolha (rabunador). Esta é mais verossímil ou o cara não pode comprar uma fábrica de rolhas, leitor molévolo?

Também pode ocorrer de alguém propor a outrem (outra ou outras pessoas):

 — Vamos abocetar? Que quer dizer, “vamos guardar na boceta?” Huumm…, quase obscena. Então, que tal assim? “Vamos guardar na caixa de rapé?” Ufa…, tá bom, tá bom, rapé é tabaco em pó. (Machado de Assis usa bastante a palavra “boceta” em suas obras.)

Olhe que feinhas: viador (viajante); vasca (ânsia); punceta (objeto para cortar lâminas de ferro); bucéfalo (cavalo ordinário); cabaça, fruto da cabaceira; escalda-rabo (repreender); bundo (idioma dos negros de Angola); xeta (beijo atirado com os dedos); putativo (que julga ser o que não é); cualvo (rabo-branco – tradução literal, he, he, he); vulvária (uma erva), e por aí afora.

Senhoraço, palavra viril que lembra homem poderoso? Não. Significa homem de inferior condição, da mesma forma que poetaço traduz o poeta que faz maus versos. Embaixatriz todos sabem, mas e senatriz? Sim, esposa de senador. Só não achei deputatriz, vereatriz…, gentalha!

Engraçado é a pessoa que tem hipantropia (delírio pelo qual o enfermo se julga um cavalo). Se sua filha é temípede, tudo bem, tem pés pequenos. Se você perde no jogo ganha-perde, é um sortudo! Esse é o jogo que ganha quem perde. 

Você tem verecúndia porque sua mulher é portadora de pogoníase? Não precisa. Quero dizer, há tratamento para barba na mulher (pogoníase), não carece a vergonha (verecúndia). 

E aquele político no meio da multidão? Uma mulher irada se aproximou dele e disse bem alto:

— Fulano de tal? Vote! Todos deveriam torcer o nariz porque “vote” designa repulsa, repugnância.

Pior deve ser o cara chegar em casa com o filho pequeno e este ir logo entregando: — Mãiêê, eu vi o pai tirar os óculos para dar um ósculo naquela mulher. Ósculo = Beijo. 

Curiosas são as faisquinhas que saem do esmeril. Chamam-se triboluminescênciasObóveo é tudo que é em forma de ovo invertido. (Só não me pergunte o que é ovo invertido que eu não sei. Teria a gema para fora e a casca para dentro?)

Se num hospital você vir a equipe médica numa trepanação estará presenciando  furar o osso (trepanar) de algum paciente. Você já foi vítima do mão-leve (gatuno)? Saiba que há também o pé-leve (sujeito reles). Há o fute (demônio); rizófilo (que gosta de raízes); o que tem efélides (sardas); a tríbade (mulher homossexual); o abezelgado (desenvolto), e o que gosta de tirar uma sorna (soneca). 

Eu sou Flamengo e fico sempre vascoso (enjoado) quando o Vasco ganha da gente. Me dá vasca de raiva! A palavra inconstitucionalissimamente, com 27 caracteres, para mim era a maior. Qual nada! Encontrei uma com 28. Um médico de ouvidos, nariz e garganta e que também seja oftalmo, sua especialização é oftalmotorrinolaringologista. Já pensou se ele possuísse mais alguma especialização?

Não-te-esqueças-de-mim é o nome de uma pequena flor; quadrúmano é o mesmo que quadrúpede (como certos políticos); quichiligangue é uma bagatela, que por sua vez é uma quantia de pouco valor. Polca é uma espécie de dança polonesa, e porca tanto pode ser a mulher do porco ou a do parafuso. 

Você nunca deve coser (costurar) sua comida nem cozer (cozinhar) sua camisa para não parecer um sandeu (idiota). Tenha pena de um bostelento (que tem feridas) e saiba apreciar uma mulher calipígio (que possui belas nádegas). Evite sínico (chinês) cínico, principalmente se estiver com um bacorinha (chapéu de feltro); pode ser um madraço (malandro).

Veja se não confunda a eufonia (som) das palavras, como aconteceu com um garçom que servia um peixe para uma distinta senhora. Ela apontou o prato e perguntou: 

— Pirarucu? 

Ele respondeu: 

— Tiraro, sim sinhora.

Ah, antes que eu esqueça: minha mãe deve estar com os ouvidos esbuxados (deslocados) e os dedos adelgaçados (afinados) de tanto enfiá-los quase até aos tímpanos com medo de trovões e relâmpagos (astrofobia).

E para terminar, relaxe. Você certamente conhece eubiótica (arte de viver bem) e se me suportou até aqui não é um apedeuta (analfabeto). Espero ter sido um adminículo (que contribui para ajudar) à sua cultura. 

Fonte de pesquisa: Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa – O Globo.

Publicado em fevereiro/1999

Torcedor atormentado; ou, seguro morreu de velho

 

Há algum tempo eu li que em algumas cidades brasileiras seriam instalados banheiros públicos individuais, confortáveis, cheirosos, com direito até a música ambiente. Com uma moeda de cinquenta centavos o freguês poderá usá-los por 15 minutos, após o qual a porta se destranca automaticamente depois que uma gravação avisa que o tempo acabou. Imaginando que Bom Jesus/RJ pudesse ter um desses, dei asas à imaginação e produzi este texto de cultura inútil que, no entanto, pode servir para evitar constrangimentos. Como veremos, é sensato andar por aí com algumas moedinhas de cinquenta centavos.

Consta que um homem, cujo fanatismo por uma farra só é menor que a paixão nutrida pelo Vasco da Gama tomou um porre homérico numa noite em que o seu clube foi rebaixado para a Segunda Divisão. No outro dia, puto da vida pelas gozações inevitáveis, comprou o jornal numa padaria do Bairro Lia Márcia, onde mora, e foi para o trabalho no Pimentel Marques. No caminho, passou a se contorcer em dores, intestino em polvorosa.

Aquela feijoada não pegou bem, pensava, ao mesmo tempo em que amaldiçoava até a quinta geração daqueles pernas-de-pau que podem ter brincado de tudo na infância, menos de jogar bola. Os pernas-de-pau, por outro lado, pareciam reagir telepaticamente, liberando à distância poderosas emanações químicas que radicalizavam a cólica intestinal do agora suado e esverdeado torcedor. Não vai dar para chegar ao trabalho, constatava, nesta altura andando meio de lado, até que apareceu tal qual um oásis o seu maior objeto de desejo naqueles trágicos momentos: o banheiro público da Praça Governador Portela.

Tanto melhor que era um daqueles modernos, limpinhos, um oásis na amplitude de contrações e flatos perigosamente úmidos. Em desespero, vasculhava febrilmente os bolsos em busca de uma moeda de R$ 0,50. A muito custo achou uma no bolsinho frontal da calça. Era a única. Depositou-a no compartimento específico. A porta abriu e ele entrou de supetão.

Lá dentro, alívio total. Sentado no trono asséptico, aliviava-se lendo o jornal e ouvindo música. Não reparou no aviso de que uma moeda dava direito a 15 minutos. Extrapolou o tempo na leitura tentando entender como o seu time querido dera tanto vexame. E aquele coro infernal martelando na sua cabeça: “ão, ão, ão, segunda divisão. Uma voz metálica tirou-o da abstração: “tempo esgotado”.

Simultaneamente viu a porta destravar e um vento forte a escancarar. Ele ficou ali, sentado e em pânico sob os olhares de curiosidade dos transeuntes num local de intenso movimento. Uma provecta senhora passou e fez o sinal da cruz. Uma menininha beliscou a mãe: 

— Mãeeee, o que ele faz ali?

Um gaiato perguntou:

— Me vende um quilo de pregos?

Um outro:

— E aí cagão?

Teve até um, metido a poeta, que resolveu juntar uma pequena multidão para recitar suas obras-primas literárias:

— Aqui termina a deliciosa obra de um cozinheiro.

E continuava:

— Neste lugar solitário/é onde os fracos fazem força/e os valentes se cagam.

— Quando fores ao banheiro/é favor trazer papel/porque merda não é tinta/e dedo não é pincel.

— Sentado na privada/sinto uma emoção profunda/a merda bate na água/e a água bate na bunda.

E por aí afora.

O torcedor, coitado, a ponto de sofrer um enfarte, observava a aglomeração com um olho entre as frestas do jornal que usava para se encobrir e permanecer no anonimato, tentando elaborar um plano para sair daquela encrenca. E a multidão crescendo, crescendo e excitando o entusiasmo dos que queriam aparecer através da desgraça alheia, como um cidadão pretensamente sério, compenetrado, com ares de orador e um livro debaixo do braço, que emergiu abrindo caminho com autoridade no meio da multidão, para filosofar:

— Vejam um exemplo de despojamento — disse, apontando o dedo para o local onde convergiam todos os olhares. — Este digno ser humano não carrega consigo o sentimento da vergonha quando das necessidades fisiológicas. Quem, de vós, tem a coragem de fazer, de público, um ato tão natural quanto este de cagar? — perguntava, aproximando-se, devagar, do infeliz.

Já na porta, continuava o discurso:

— Percebam vós que até este cheiro… — farejou apuradamente, acenou com um gesto como a pedir um tempo para a platéia e, baixando a voz, fez uma pergunta ao pobre coitado:

— Mesmo com todo esse vento, rapaz — tapou as narinas. — Do que anda você se alimentando?

Ao que uma vozinha sumida, trêmula por trás do jornal, retrucou:

— Te dou cinquenta reais em troca de uma moeda de cinquenta centavos!

Publicado em março/2000 

O apagão aquece a chama. Sorveteiros se desesperam e fabricantes de chupetas e fraldas comemoram

No dia 6/5/2000, noite de sábado para domingo, aconteceu um apagão em Bom Jesus/RJ (mais um dos que infernizam os brasileiros de modo geral). A energia só voltou às 13h da segunda-feira, o que me inspirou um texto que vez ou outra um amigo relembra achando a maior graça, vejam que exagerado. Ah, a safadeza política de maior repercussão naquele ano foi a violação do painel do Senado, com o suposto envolvimento do finado senador Antônio Carlos Magalhães.

 

Eis o texto:

Que mania essa que temos de reclamar de tudo, não é mesmo? Eu próprio, que nem moro no lado do lado de lá fiquei momentaneamente indignado com o apagão da CERJ e soltei espinafração no ventilador, sem me dar conta do lado positivo que, como dizem, sempre há em tudo. Naturalmente que não pensa desta forma o dono da sorveteria, do açougue, da fábrica de gelo, do bar, restaurante e lanchonete, da pessoa que adora assaltar a geladeira na calada da noite, do cara que aguardava ansiosamente a Sessão Coruja e de tanta gente, mas muita mesmo, que se decepcionou com a ausência do Faustão e do Gugú em sua tarde-noite de domingo. Nesse aspecto, a ausência desses dois pelo menos num domingozinho…, o apagão não foi assim tão maléfico.

Dois sujeitos conversavam:

— Rapaz, eu tava num churrasco no galpão do Saraiva, assim de  gente, altas horas, todo mundo mamadão, quando…

—  A luz apagou?

— Que maravilha, cara. Aí é que a coisa animou. Uma orgia de responsa.

— Uau! A Dolores tava lá?

— Estava… Não só ela, mas todas aquelas coleguinhas dela, mermão…, comentava com ademanes de perversão.

— E aí, macanudo? Conta, conta — instigou o outro, ansioso por mais informações que antevia serem quentíssimas, um riso sarcástico nos lábios e um olhar lascivo.

— Tu não vai acreditar. Estávamos papeando acaloradamente, uma zorra que só, quando uma vozinha feminina, lânguida como miado de gata no cio se fez ouvir: 

— Ai, ai, violaram meu painel.

— O da proa ou o da popa?, retrucou alguém.

— Acho que ambos, respondeu ela. — Sinto uma quentura nos dois softwares…

— Vamos fazer uma CPI, propôs um terceiro, para logo em seguida exclamar meio assustado:

— Oops, minha carteira não, ouviu? Tem dono, entendeu? TEM DONO!

— Não é bem sua carteira que minha mão procurava, ô mané. Era outra coisa, que também não é a sua porque magra e enrugada…, tô fora.

— Deve ser a da mãe, então.

— Não bota a minha mãe no meio, que eu boto no meio da sua!

Mas antes que a coisa descambasse para a ignorância, o Saraiva botou moral.

— Silêncio, imbecis. Viram o que fizeram? Acordaram a minha mulher…, anunciou com tom de voz lamentoso, apontando para sua casa ao lado, porque naturalmente ele também intencionava manipular um painel alheio, inteiramente digital, para variar um pouco do seu pra lá de analógico.

—  Apagão até que é legal, né?, ouviu-se uma voz um tanto trêmula, arfante.

— Daqui a nove meses manda a conta das fraldas que eles pagam, retrucou alguém. 

De repente, um gritinho assustado ecoou no recinto:

— Nooosssa. Parece que engrossou. Mas está tão frio, Palhares!

Ao que o dito-cujo retrucou:

— Eh, eh, eh. Sou eu não, meu bem. É o gargalo da Skol.

Bem, chega de sacanagem, dessa vontade de encontrar um lado bom no apagão, que definitivamente não há, exceto para os comerciantes de mamadeiras, de fraldas e outros apetrechos para recém-nascidos, que em nove meses venderão à beça. Segundo mostram as estatísticas, inclusive a do mais famoso apagão da história, ocorrido em Nova Iorque em 1977, apagão aquece a produção, até rimou.

Eu, que já de há muito penso desistir de tentar sobreviver das chamadas mal-traçadas linhas, que ninguém lê mesmo, estou propenso a montar uma fábrica de lamparinas, lampiões e similares, e ando até pensando reivindicar das cias. de eletricidade um aporte de capital, ficarmos sócios no negócio… Elas com certeza terão o maior interesse.

Não é oportuno?

Publicado em maio/2000 

Caminhar é preciso; até as pedras sabem disso

 

— Ei, Pedrita, vamos dar um passeio?

— Agora, não, Petri, estou cansada.

— Mas você prometeu que ia dar uma voltinha comigo, para ficarmos mais à vontade, longe destes pedregulhos indiscretos e fofoqueiros…

— Tá bom, então vamos. Mas não muito longe, porque tenho de voltar antes que mamãe Petrerústica e papai Pedrentelho cheguem em casa. Se não me virem…, apedrejam-me depois!

— Ok, benzinho. Estou com desejo tão pétreo…, sabe…

— Isso que você está pensando nessa cacholinha dura, meu bem, só depois, quando o Dr. Rolando Rocha fizer nosso casamento.

— Uns beijinhos, pelo menos?

— Uhhmmm…, uhmmm…, tá. Mas não se atreva passar disso. Qualquer sinal de abrasão…

— Fique tranquila.

E assim foram nossos heróis dar uma voltinha no Vale Pedregoso, estimulados pelos insondáveis caminhos do amor. Nove meses depois…, nasce um lindo casal de gêmeos: Pietra e Meteorito.

Estória bobinha? Concordo. Mas não me julguem um completo viajante das galáxias. Saibam que as pedras andam. Sim, acredite, as pedras andam sozinhas! Se não o fazem em dupla, como o casal desta minha ridícula ficção, saem por aí solitariamente, sem lenço e sem documento. Infelizmente, para os fãs de mistério, cientistas descobriram a causa. Vejam aqui:

 

 

Publicado em junho/2013

Concerto infernal de latidos eu neutralizo com Bolero de Ravel

 

Não pensem que sou um chato de carteirinha e crachá. Nem que ando aos beijos e abraços com a aterosclerose numa idade já provecta. Ela até pode estar de piscadelas libidinosas pro meu lado, mas acelero a autocrítica e fujo de suas investidas maliciosas, como o diabo da Cruz. Nosso Bairro Belvedere, em Bom Jesus do Norte, outrora calmo e tranquilo, está sucumbindo gradual e inexoravelmente às mazelas comuns a grandes conglomerados populacionais. Furtos de residências são uma constante, e intuo até que deve ser o pedaço municipal que tem a maior metragem per capita de câmeras de segurança e cercas eletrificadas. Sinto-me monitorado desde o momento em que saio portão afora, um rotundo figurante do filme 1984, de Orwell. Só me falta ser objeto das caras e bocas e as demais sem-gracices do Pedro Bial.

Com a natural expansão demográfica, a algazarra dos animais de estimação é outro pormenor nessa análise. Melhor dizendo, “pormaior”. Avolumou demasiadamente no tom, alguns casos ultrapassando o limite do razoável. Meu lar doce lar, estrategicamente localizado de norte a sul, leste a oeste com casas que hospedam caninos de variados pesos, gêneros, tons e matizes, é premiada com uivos, latidos e lamentos em todos os pontos cardeais e papais, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Sem falar dos animais de rua, tema, aliás, que merece até compêndios sobre problemáticas sanitárias.

Os que mais exasperam são, curiosamente, os cachorrinhos pequenos, que a natureza equipou com aquelas carinhas e jeitinhos encantadores, mas cobrando um alto preço por isso, tornando-os os mais irritantes quando de seus desejos e necessidades contrariados. Impressionante a capacidade que têm de reclamar, chorar, latir insistentemente, intrepidamente,  incansavelmente. Uivos às vezes tão lancinantes que mais parecem estar sendo estripados vivos (a propósito, sugiro aos biólogos estudarem a garganta dessas espécies, pois devem ser compostas dos materiais flexíveis mais resistentes do Planeta). Animais que lamentam tanto estão sentindo fome, sede, desconforto, dores físicas ou sentimentais. E aí cabe a pergunta: será que os donos deles realmente os amam? Não estaria caracterizado aí o chamado maus-tratos aos animais?

Uma dica: quando o barulho dos cães alheios incomodarem, faça como eu: coloque pra tocar em sua varanda uma música clássica alguns decibéis acima da emissão sonora entediante e irritante dos cães, também conhecida como au-au-au. No meu caso, Bolero de Ravel, com arranjos dos virtuoses da Orquestra Sinfônica de Berlim. Repetido à exaustão, funciona.

Quisera acreditar que os donos dos animais os fazem parar de berrar para também poderem curtir a belíssima composição, mas acho que é mais na esperança de que eu desligue o som.

Publicado em outubro/2015