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Desagravo

Às vítimas do maníaco do parque – SP 1998

Impregnado de infinda maldade, tramavas,/
dar vazão ao teu instinto bestial, doente,/
saías a procurar, disfarçado de gente,/
as que criam em tu que, vil, blefavas./

Mártires da crueldade eis que, parvas,/
mercê da tua sanha, um verme repelente,/
que esganando-as jorravas uma torrente,/
de fel, esgoto, limo, pus e larvas./

Pelas pobres jovens, animal, hás de sentir,/
em lenta agonia, covarde, teu haurir,/
nos grilhões da paga do que aqui se faz!/

E que pouco te sejas o inferno ardente,/
onde irás sem dó, ó mísero demente,/
quedar-te ao inclemente anjo satanás!/

Produzido em agosto/1998 

Angústia

Minha alegria desta vida,/
jaz no sepulcro da solidão,/
pois banaliza a hecatombe fratricida,/
o homem, com a moral em extinção./

Traduzem o ocaso de uma era perdida,/
horror, perfídia, egoísmo e ambição,/
despertando a vindita, sepultando a saída,/
ao destino de um viver puro, alegre e são./

O uivo da dor já se faz profundo,/
e zombam os demos num ódio furibundo/
de vingança por passados segregados;/

E o nosso bem-querer no poço, ao fundo,/
liberta-los-á do seu covil imundo,/
deles tornando-nos cruelmente escravizados./

Data incerta de produção – Publicado no Blogger em abril/2013.

Nossa mãe

Nossa mãe que nos deu a vida,/
É altiva, sobranceira, não fraqueja,/
Nem nos piores momentos da triste lida,/
Estremunha, zanga, chora ou espragueja/

À essa diva e baluarte de nós tantos,/
Que nos alenta e nos protege dos perigos,/
Queremos bradar forte aos quatro cantos,/
És nosso orgulho, de ti somos amigos./

Não fora dos poderosos o egoísmo,/
Nem dos políticos a desídia e roubalheira,/
Não dependeríamos do seu ser, estoicismo./

Do vilipêndio a si, porém, nós aprendemos,/
Que nada desta vida é de ninguém,/
O tudo é amar o quanto temos./

Data incerta de produção – Publicado no Blogger em março/2013.

Aquele voto

Oi, minha senhora. Prazer./
Estou aqui pra lhe pedir. Vote em mim./
Prometo tudo. Não sou chinfrim./
Pro seu marido, até emprego posso ver./

(depois de eleito)
Ih! Não tenho. Lamento. Nada!/
Passe cá em outra hora,/
Nada posso fazer agora,/
A mão inda não foi molhada./

E pensa: – Se ela não precisar,/
que bandeira empunhar?/
Preciso manter os meus…/

Sua miséria é meu quinhão,/
Quero logo o meu milhão,/
Famélicos que fiquem os seus…/

Data incerta de produção – Publicado no Blogger em maio/2013.

Labirinto

Ensimesmado, misantrópico fui ficando,/
ao ver dos homens, a Deus, a felonia,/
com a centelha da Fé se apagando,/
a Suas leis se decompondo na heresia./

Resistir?, quem há de, Mal fustigando/
No flanco aberto do egoísmo e hipocrisia,/
só nos restando, eu mais eu, voltarmos quando/
do cataclismo libertário da magia./

Agora sei porque os sentidos dizem: “corra”/
do labirinto destes tempos delirantes,/
da besta ao trono que escarnece numa zorra./

Ao dédalo vil eu desabafo: “MASMORRA!”/
Ele então responde, com ecos torturantes,/
o seu maior desejo: “MORRA, MORRA, MORRA”./

Data incerta de produção – Publicado no Blogger em abril/2013.