Cidadão defeca e atira as fezes em cartaz de candidato adversário. Este acorda e o obriga a lambuzar as mãos

Na calada da noite um vulto furtivo preparava-se para fazer uma grande lambança contra um desafeto. E fez, literalmente. Os dois moram na mesma rua. A distância que separa as casas é de aproximadamente 50 metros. Um é partidário da atual prefeita e candidata derrotada Daisy Batista. O outro, de Ubaldo Martins, o prefeito eleito este ano. Em comum entre os dois, apenas o ardor com que defenderam e defendem seus candidatos.
O fato é verídico, vizinhos testemunharam a insólita confusão. Um senhor de idade, aposentado, que está morando em Bom Jesus do Norte há pouco tempo, talvez inconformado com a derrota de sua candidata, e talvez ainda mais com as gozações do vizinho, teve uma ideia curiosa e… nojenta para aplacar sua ira: Resolveu defecar e jogar as fezes no cartaz de Ubaldo, orgulhosamente ostentado na residência do vizinho mesmo 30 dias após as eleições, época do estranho e fedorento protesto.
Estava o cidadão nessa noite se deliciando em borrar a estampa do prefeito, onde retirava de uma lata a “munição” e mirava o alvo com uma pontaria certeira — atividade que lhe causava enorme prazer — que nem se deu conta quando o vizinho, despertado pelo barulho, surpreendeu-o com as mãos na massa…, digo, na merda!
— O que significa isso?, perguntou, possesso, o dono da casa. Aproximando-se mais do vingador desastrado, sentiu o fedor que recendia de suas mãos e não se conteve: — seu filho da puta! Vou chamar a polícia, ameaçou.
Apavorado, o infeliz balbuciou implorando que não o fizesse:
— Eu limpo tudo.
— Então limpa agora.
O homem correu em casa, voltou rápido com mangueira, vassoura e outros apetrechos.
— Com vassoura não. Com as mãos. Vai limpar com as mãos.
E o vingador, obediente, não hesitou.
— E se não ficar bem limpo terá de fazê-lo com a língua, desforrou-se o irado vizinho.
Moral da história: em futebol, religião e política, o acirramento exacerbado dos ânimos e o fanatismo é ignorância que costuma dar merda.
Publicado em novembro/2000