Eu avisei até em trova e verso que reeleger Lula ia ser uma desgraça. E foi!

Votei em Lula no ano da Graça de 2002. Desgraçadamente! No fim de 2003, já me arrependia da infausta decisão, alarmado pelo rumo que as coisas tomavam, estando hoje no estupor do assombro como boa parte do povo brasileiro. Antes atéde completar um ano de sua gestão, já me mandava de mala, cuia e papagaio para as bandas da oposição, acrescentando este meu teclado calibre 22 enferrujado ao poderio armamentista da ´imprensa golpista´, defensora da ´zelite´, dos ´lôro de zoio azul´, etc.
Em 2006, quando o molusco se esgoelava nos palanques para reentrar triunfalmente no palácio no ano seguinte (o que infelizmente aconteceu), apelei até com uma poesia desesperadora, acentuando que a imprensa golpista era, ao contrário, extremamente companheira; que artistas intelectualmente desonestos só defendiam o status quo para manter as boquinhas nas tetas da Viúva (Lei Rouanet, publicidades estatais, etc); que as barrigas cheias com bolsas esmolas não significavam justiça social coisa nenhuma, senão uma forma oportunista de exponenciar a níveis continentais o velho coronelismo político de província; que, sobretudo, o consumismo sem lastro na produtividade, a corrupção que já se tornava endêmica, o descalabro na tomada da máquina pública, onde os interesses subalternos, às vezes criminosos se sobrepunham ao mérito, iriam cedo ou tarde gerar uma conta gigantesca, monstruosa.
Ei-la, minha gente, a conta. Não me refiro propriamente às tarifas públicas, de eletricidade e que tais. Não me refiro aos preços nas gôndolas dos supermercados, que nos deixam aterrorizados. Não me refiro ao honorário do dentista, nem o que sente o comerciante pelo consumidor que sumiu, nem ao emprego que vai freneticamente para o brejo. Nem mesmo à Petrobrás sucateada; os Correios que entregam as contas da TV com dois meses de atraso; os mensalões, petrolões, eletrolões e a ponte que caiu futebol clube! A conta é perversa porque não exige apenas o desembolso de bens materiais. Ela é sobretudo infame ao tomar o orgulho de um povo pela sua pátria, levar ao rés do chão a auto-estima, lançar nuvens sombrias, espessamente ameaçadoras no horizonte de nossos descendentes!
Leiam meus versos publicados em setembro de 2006. O “eu avisei” ainda pode ser útil para eventuais cegos e desvalidos que pretendem repetir a cagada em 2018. E uma moedinha no chapéu do meu ego, grande consolo!
Publicado em mídia impressa em abril/2015 e no Blogger em fevereiro/2017