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Luiz Estêvão vive

Um dos filmes de terror de grande sucesso, “A Hora do Pesadelo”, que teve varias continuações (se não me engano 9 ou 10), tinha como personagem central de seu enredo o Fred Krueger, personagem que brutalizava impiedosamente suas vítimas e era quase que indestrutível. Nas tramas inspiradas por macabro espírito criador, a criatura ressurgia do inferno, para onde era mandada sempre a duras penas por mocinhos e mocinhas (nunca antes de trucidar dezenas de pessoas) para voltar ao seu horrendo labor com redobrada disposição.

Luiz Estêvão é uma espécie de Fred Krueger para os brasileiros. Ainda que esquartejado e sepultado, é um osso duro de roer. A maldição que acompanha os seres maquiavélicos costuma permanecer fazendo vítimas enquanto a carne apodrece embaixo de sete palmos e meio. É o caso dele. Seu espectro ronda importantes gabinetes de Brasília, belisca o pé dos vivos, faz estragos morais impressionantes, deixando sua alma leve pela concretização de engenhosa vindita.

Ou o que está acontecendo na mais nobre instituição do país não parece coisa de fantasmas, daqueles que arrepiariam até o padre Karras, em “O exorcista”? Exemplo: o ciclope Antônio Carlos Magalhães, o ACM, vulgo Toninho Malvadeza era eminência parda da República — inclusive na dos generais — homem impoluto, figura quase etérea no reino. Há três meses ACM se sentou na cadeira mundana dos simples mortais, subjugado a um dos mais constrangedores mecanismos policiais, que é a vergonhosa acareação com Estêvão.

Outra: José Roberto Arruda, político respeitado que faria do governo regional da capital o trampolim para o Palácio do Planalto também esteve na berlinda de Estêvão, retratado como um reles mentiroso, violador de painéis, e, por extensão, da dignidade da corte.

Sujeito inteligente, e sortudo esse Estêvão. Fez fortuna com os cofres públicos, angariou notoriedade, goza a vida como um nababo e até se dá ao luxo da desforra, de escarnecer com o riso das hienas daqueles que mais queriam, mais trabalharam e mais tiveram o prestígio e a credibilidade, entre aspas, de exigir sua cabeça! Só falta ele se levantar triunfalmente do túmulo político, invocar a condescendência de nobres juízes e retornar em triunfo ao cenário não como uma alma penada que vai se tornando o maior pesadelo de eminentes figuras públicas, mas em carne e osso a se valer de engenhosos advogados e das firulas jurídicas, exigir e obter de volta o seu lugar.

Publicado em maio/2001