Aqui eu guardo meus escritos.

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Posse de perdedores, uma esculhambação à democracia

Em Bom Jesus do Itabapoana/RJ, todos sabem, a segunda colocada nas Eleições 2008 (Branca Motta) assumiu a prefeitura, referendada pelo Supremo Tribunal Federal. Assim como em Bom Jesus, basta pesquisar na Internet que se encontrarão vários outros municípios brasileiros em situação semelhante. E não só nos municípios, como também em alguns estados, como na Paraíba e no Maranhão, por exemplo, os segundos viraram os primeiros governadores.

Entendendo que isso é uma anomalia contrária à Constituição, e mais que isso, um desrespeito ao eleitor, o Senado Federal pretende rever este conceito e proibir doravante que tais excrescências se repitam. Tomara que suas excelências, perdidas num labirinto de desgraças éticas encontrem um meio de se desvencilhar da lama em que patinam para poderem defender, como seria a premissa básica de suas funções, a cidadania do povo brasileiro.

A prefeita Branca Motta talvez seja a que tem mais legitimidade em relação a tantos outros segundos colocados que se veem por aí, porque sua derrota se deu pela pequena margem de 51 votos. É bem provável que haja cidades que tenham prefeitos governando respaldados em meros 20% de votos obtidos.

Mas seja a diferença de 1 voto ou de 1 milhão, a vontade do eleitor é (ou era) soberana, e a Letra da Lei também devia ser. Ocorre que numa Justiça que se assemelha a uma tartaruga míope, decidir com rapidez e promover outra eleição, como reza o bom senso instituído na Carta Magna, é algo praticamente impossível. Daí aparecer o famoso jeitinho brasileiro que se transfere das camadas populares para os mais altos escalões jurídicos, em simbiose danosa à Democracia.

É óbvio que se o ganhador desrespeitou as regras, que seja impedido. Mas novas eleições têm de ser realizadas para que o povo defina quem fica em seu lugar. Ademais, seguindo a lógica, jamais o vencedor irá questionar o segundo colocado na Justiça, mas o segundo, eventualmente, sim (talvez tenhamos de mudar no futuro a palavra eventualmente para sistematicamente). E se este também tiver cometido alguma irregularidade, talvez até mais grave? A Justiça pune um criminoso eleitoral entronizando outro ainda pior!

As posses ilegítimas, embora legais, podem firmar jurisprudência. Não a jurisprudência no sentido lato da palavra nos meios jurídicos, mas jurisprudência figurativa nas cabeças dos políticos perdedores. Não seria exagero intuir que nas próximas eleições haverá ainda mais recursos de teor restritivo aos primeiros colocados se essa estupidez persistir. Pior: a criatividade dos perdedores pode chegar a tal nível de excelência que seria capaz até de produzir documentos falsos, denúncias mentirosas, engodos e escaramuças jurídicos idealizados por bons advogados. Neste caso as eleições se tornariam inúteis, e o eleitor incapacitado de impor sua vontade.

Em analogia ao que se dizia na época do poderoso Santos de Pelé & cia, de que aquele time imbatível nem precisaria entrar em campo (a vitória era certa), pode chegar o momento em que o eleitor nem precise ir às urnas. Os 11 membros togados decidirão, numa canetada só, quem administrará o futuro de sua cidade e, por extensão, o bem-estar e o destino de seu povo.

Publicado em setembro/2009

Duelos em Itabapoana Valley, 2012, octobre – venceram two men and two women

Apiacá City
O velho pistoleiro Keres Joseph amanheceu com a expectative da desforra. Ele, que ganhara o duelo em 2008 de Betin the Kid, mas não pôde desfrutar por ter sido afastado pelo Xerife Superior Eleitoral, desta vez não podia se confrontar com o rival diretamente, já que foi suspenso por eight years seu direito de duelar. Então Keres Joseph cerrou fileiras ao lado de Carl Magnum Oliver, mais conhecido como KK (Kid Killer), oferecendo a este sua experience para ajudar a liquidar Betin.

Mas Betin também havia reforçado suas hostes com o temível pistoleiro Allan Dirck, que havia dominado Apiacá City em outras ocasiões e, como Keres Josef, acumulara large experience em combates. Ao fim do bang-bang, Betin the Kid e Allan Dirck festejaram uma vitória que, embora difícil, não foi tão sangrenta como a de 2008, quando Keres Joseph o vencera, mas tombara frente à Electoral Justice, que alegara suposta adulteração nos canos de suas pistolas naquele renhido combate.

Good the North Jesus

No condado de Good the North Jesus eu previ que o clã Umbert Mess não iria se desunir e guerrear entre si. E acertei. Por outro lado, imagino o grau de tensão interna que levou Ubald Sea Tins, brother de Umbert, a liderar a tropa onde o seu sobrinho Mark Mess desempenhou o papel secundário, já que não era segredo que Umbert queria porque queria o filho Mark como protagonista principal. But, the union of family, como eu havia antevisto, prevaleceu, com Ubald Sea Tins e Mark Mess multiplicando forças para encararem o valentão Pedro Keys.

Keys era um adversário mais temido do que o grisalho Doctor Ad Masterson (El Gringo). Este, que havia derrotado o próprio Mark Mess em 2008 não estava agradando na gestão de Good the North Jesus. Enfraquecido perante os electores, Ad Masterson exigiria menos munição e escaramuças de Ubald e Mark, que o aniquilariam mais facilmente. No entanto, a ilusão da fácil batalha desvaneceu-se quando Ad Masterson foi afastado das functions cerca de six months before de completar o mandate, quando Keys, que era o vice, assumiu. Keys, que já era bom de briga, se fortaleceu com a oportunidade, não a desperdiçando; em pouquísimo time, o condado se desenvolveu com forte intensidade. Além disso Keys havia se aliado ao experiente pistoleiro e médico Ted Elbah Tist, fatos que pareciam indicar que mais four years como xerife pareciam favas contadas em favor de Pedro Keys.

Só que Ted Elbah Tist não pôde ele próprio ficar na linha de frente juntamente com Pedro Keys, o que conferiria precisão cirúrgica nos disparos contra os adversários. Ted foi obrigado a enviar em seu lugar o jovem filho Djangorson, que evidentemente não possui a mesma experience, embora tenha demonstrado coragem e good potential. Mas foi um duelo interessante, que exigiu de Ubald, Umbert e Mark amplo encadeamento de forças, as mais díspares, para vencerem.

Good the Itabapoana Jesus

Em Good the Itabapoana Jesus, five contenders prepararam-se para a guerra, mas apenas four tinham chances. Marcel Linn, que além de não levar o menor jeito para cowboy, entrou na disputa com uma garrucha enferrujada, o que o alijou da disputa figurativamente antes mesmo de iniciada. O old man Paul Port, bem como o young, Sam Júnior, tiveram bom desempenho, mas também falharam. Não reuniram condições de duelar de igual para igual com as duas forças amparadas pelo atual governor Serg Cab All e o ex-governor Anthony Little Boy. Falo respectivamente da vencedora White Mott e do segundo colocado, que foi o representante de Paul Cyrill.

Interessante é que pouco antes da disputa, the Justice havia impedido o próprio Cyrill de duelar. Mas ele cedeu seu Colt para Robert Tatoo numa última e desesperada tentativa de se fazer representar na contenda. E quase deu certo. White Mott disparou meros 108 tiros a mais que Tatoo.

San José del Calçado

Já em San José del Calçado, o pistoleiro barbudo Joseph Carl provou do próprio veneno. Em 2008 Carl ganhara a disputa quase que por milagre do lendário Blue Eyes All Mars. A vitória de All Mars naquela oportunidade parecia tão certa, que ao tombar por escassos tirinhos que Carl deu a mais, All Mars perguntou, agonizante: “who are you?”

E agora, a vingança de All Mars foi executada por uma woman, igualmente com poucas balas de diferença. Lili Ann, esposa do ex-xerife Jeff Spad Bulls lançou-se na disputa, onde concorria ainda o ex-amigo de Carl, Tin Ben. Mas Tin Ben não tinha grandes chances, ficando o duelo restrito mesmo a Lili Ann e Joseph Carl. No final, ao receber exíguos 119 tiros a mais, Joseph Carl, desta feita como vítima, já nos estertores, disse a Lili Ann: “You are pretty. Needed to be so cruel? (Você é bonita. Precisava ser tão cruel?)”.

Good luck to all.

Publicado em dezembro/2012

Redução da maioridade penal já; ou, se cada defensor dos coitadinhos adotasse um, não haveria tantos menores infratores barbarizando

Não é mais possível continuarmos a conviver com a terrível incoerência de o “guarda-roupas” de 16/17 anos ter a faculdade de escolher o presidente da República, mas não saber o que está fazendo quando trafica drogas, estupra, barbariza, mata, crimes que na melhor das hipóteses para as famílias de suas vítimas sedentas de justiça e no desatino da dor correspondem a três anos “apreendido”. Depois, os anjinhos recebem a chancela “apto para o convívio social”, com a ficha criminal limpa, ainda que em sua vida pregressa também tenham explodido bombas em jardins de infância.

Desculpem-me a estultice, mas queria entender como é que a redução da maioridade penal, que me parece ser tema simpático à grossa maioria da população — e no caso específico talvez mais ainda entre os menos esclarecidos (os que mais votam no PT), seja tão veementemente rejeitada pelo partido. Soa um tanto incoerente com a retórica populista.

Não só o PT, justiça se lhe faça. Mas esta agremiação é atualmente sinônimo de poder praticamente absoluto, quase supremo, valendo dizer que, se quisesse, bastaria dar um peteleco no assunto “redução da maioridade penal” que ele se deslocaria num átimo para o patamar inferior onde deveria estar. Creio que nem os próprios jovens aceitem que um parrudão de 17 anos e 11 meses que mata, assombra, brutaliza, fique três anos, se tanto, recolhido…, digo, acolhido, até com a possibilidade de se hospedar em estabelecimento 5 estrelas na Suécia para se “ressocializar” às custas, inclusive, da sua própria vítima.

Sim, isso mesmo. Lembram-se do garotinho João Hélio Fernandes, 6 anos, que foi arrastado pelas ruas de um subúrbio carioca preso pelo cinto de segurança, e um bandidão “dimenor” dentro do veículo dizia, às gargalhadas para todos os passantes, que aquele ser indefeso, esfolado cruelmente era o “judas” deles? Não fosse a grita da imprensa, me lembro bem, o criminoso, protótipo da covardia, ficaria hospedado num estabelecimento 5 estrelas da Suécia à custa do seu, do meu, do nosso dinheiro enquanto contribuintes, inclusive à custa dos próprios pais do menino barbaramente torturado até a morte!

Que diabos estará acontecendo, alguém pode explicar? É isso que chamam inferno? Esses monstros incendeiam dentista, matam com uma frieza e crueldade espantosa como fizeram recentemente com Victor Hugo Deppman, estupram, vejam bem, até dentro de ônibus em movimento, e logo começam a chegar em defesa deles, aos borbotões, seus defensores apaixonados. Por que não levam os bandidinhos para casa? Por que não os adotam, deixando-os conviverem com os filhos legítimos a fim de adquirirem, por osmose, os sentidos de humanidade, já que são bestas em forma humana?

Na infância e adolescência há uma sensibilidade maior às influências corruptoras criminais provenientes do seu meio ambiente. Jovens e crianças estão mais sujeitos ao incitamento, persuasão à cumplicidade, ao encorajamento ou à ordem para o cometimento de crimes por parte de maiores. Só não enxerga quem não quer que principalmente no crime organizado, a exploração de crianças e adolescentes se inicia cada vez mais cedo. Não é mais do que hora, então, de rever todo esse velho, anacrônico, obsoleto, ultrapassado conceito de maioridade aos 18? Basta de demagogia. Por que um jovem é investido como eleitor, presumivelmente equipado de lucidez e discernimento para decidir o futuro do país, porém inapto a responder pelos atos de selvageria? Como deixá-lo cometer os delitos mais graves, hediondos, levando ao paroxismo da dor os entes queridos das vítimas, e nada lhe acontecer senão a simples sujeição às normas esdrúxulas e pusilânimes da legislação especial, valendo dizer, punição nenhuma?

Na Inglaterra, quem pratica crimes hediondos é apenado a partir dos 10 anos; nos Estados Unidos a coisa varia em 50 estados, mas basicamente são responsabilizados desde os 12; em Portugal, o cidadão pode ser condenado a partir dos 16 anos, o mesmo ocorrendo na Argentina, Espanha, Bélgica. Em Israel, Alemanha, Japão e Itália, a partir dos 14 anos o rigor da lei se abate sobre todos, que no Egito é aos 15, na França, aos 13, na Escócia, aos 8, na África do Sul, aos 7 e até aos 6, como no México.

No Brasil, onde quem é brasileiro não é o Deus do dito popular, mas seu rival de chifres, garotão impiedoso, cínico, cruel, insensível, de caráter tão selvagem quanto o de uma cascavel pode cometer os gestos mais tresloucados sob o olhar contemplativo e embevecido da lei. Não se pode fotografá-lo, nem algemá-lo, nem citar seu nome, nem conduzi-lo em camburões, muito menos confrontá-lo com a dor e o desespero de um pai e de uma mãe que perderam seus filhos violentamente na flor da idade, sepultando sonhos e esperanças pela falta de uma gota de misericórdia e clemência de um coração frio, pétreo, calculista. Parece mais que o Estatuto da Criança e do Adolescente — o ECA, pretende com isso impedir que suas futuras vítimas, reconhecendo-o, tenham alguma chance de sobreviver.

Eca, que nojo!

Publicado em maio/2013

Bom Jesus do Itabapoana/RJ: afastamento da prefeita pode ser o prólogo de outra novela eleitoral dramática para o município

A juíza eleitoral Fabíola Costalonga, de Bom Jesus do Itabapoana/RJ, cassou os mandatos da prefeita Branca Motta e de seu vice Jarbas Teixeira Borges Junger, no último dia 7/5. Em seu lugar deve assumir o 2º colocado no pleito, Roberto Elias Figueiredo Salim – Roberto Tatu. Mas como tudo pode acontecer, como aliás aconteceu no período 2005/2008, fiquemos no momento com a incógnita.

A juíza julgou procedente a denúncia feita pela Coligação do próprio Roberto Elias, segundo a qual a então prefeita, em campanha pela reeleição, teria realizado o asfaltamento da cidade durante o período eleitoral, conduta vedada pelo TSE. A agora ex-prefeita tem o direito de recorrer da decisão, mas como se trata da nulidade dos diplomas expedidos, terá de fazê-lo fora do poder, a menos que consiga liminar.

Incógnita, incógnita nossa de cada dia nos dai hoje. Mais uma vez o município vê-se envolvido em polêmica dessa natureza. Na gestão 2005/2008, apagado da História no aspecto realizações/crescimento/desenvolvimento, nada menos que cinco (5) prefeitos se revezaram no cargo, uma média de menos de um por ano! Naquela oportunidade, o prefeito eleito Carlos Garcia governou cerca de um ano em meio a tormentas de cunho legal porque teria se valido de recursos ilegais de campanha. Antes que fosse apeado do poder pela Justiça, o prefeito licenciou-se por questões de saúde. Assumiu então o vice Paulo Sérgio Cyrillo; cerca de um ano depois, e antes que Garcia voltasse, ambos foram afastados. Toma as rédeas da prefeitura o então presidente da Câmara, vereador João Batista Magalhães, ficando 14 dias. Depois, José Ary Loureiro Borges, vice do segundo colocado Miguel Motta (que não quis assumir, vejam só!). Quarenta e cinco dias depois, José Ary renuncia, quando o Poder Legislativo, em escrutínio indireto, elege o 5º e último prefeito: Paulo Portugal, que “tenteou” o município nos últimos seis meses daquela gestão fatídica.

Claro que pouco ou nada funcionou — tempo inexoravelmente perdido! E como a vida é curta, a perda de tanta oportunidade escoada no ralo da tormenta de um povo é incalculável. Lamentavelmente parece que não cessou tudo o que a antiga musa canta. Ainda no decorrer da última campanha, recursos mútuos de impugnação por vários motivos entre os dois candidatos favoritos (a prefeita agora cassada, e o segundo colocado agora ansioso para assumir) foram encaminhados à Justiça. Isto é: prenuncia-se novamente uma queda de braços no âmbito de uma Justiça lenta, sensível aos variados e mirabolantes recursos, em meio a absolutamente nada de reforma política, atuando num cenário hostil à visão primordial do interesse coletivo que é, acima de tudo, a estabilidade das instituições.

Resta ao bom-jesuense apenas a tênue esperança de que o bom-senso prevaleça entre os atores políticos de mais uma comédia pastelão que se anuncia. A estes, quem sabe o milagre de colocarem seus interesses pessoais em posição inferior aos da coletividade; estabelecerem o conformismo com as regras do jogo; entenderem que tudo passa e a cidade permanece, mas que permaneça mencionada na História sem mais hiatos de vergonha e humilhação.

Publicado em maio/2013

Em terra de olho quem tem um cego… errei!

Estava dando murros em ponta de faca a fim de bolar algo de útil para ocupar este espaço, mas como de tanto pensar morreu um burro, e as ideias não apareciam resolvi tocar o barco com estas baboseiras mesmo porque preciso defender o leite das crianças e a maré não tá pra peixe. Aliás, como está difícil a vida, não? Atualmente tenho latido no quintal pra economizar cachorrovendendo o almoço pra comprar a jantachamado urubu de meu louro, como também vou arrancando minhoca do asfalto porque a necessidade é que fez o sapo pular e nesta situação é que a porca torce o rabo se não for cotó, haja vista que amanhã é um novo dia e angu de um dia só não engorda cachorro magro.

A quem interessar, informo que a minha situação está assim trágica porque enfiei os pés pelas mãos e vento e ventura pouco dura. Além do mais não fui com muita sede ao pote, julguei ser verdade que quem foi rei nunca perde a majestade e esqueci de que quem semeia vento colhe tempestade. Enfim, foram-se os anéis, ficaram os dedos. Mas como a fé move montanhas e uma mão lava a outra, apelei para os amigos e parentes quando já estava vendo minha avó pela greta, mas de nada adiantou porque eles foram insensíveis e preferiram colocar a barba de molho, uma vez que farinha pouca meu pirão primeiro e seguro morreu de velho. Ainda por cima acharam que eu estava fazendo tempestade em copo d’água e eles não iriam dar luz a cego nem asas a cobra. Aliás, eu já sabia que nada ia conseguir, pois santo de casa não faz milagre e é cada um por si e Deus por todos.

Mas como miséria pouca é bobagem e o que é de gosto é regalo da vida, além de que quanto mais rezo mais assombração me aparece, resolvi juntar meus trapos com uma mulher nova, cheirando a tinta porque, afinal, graveto também dá fogo e juntado com fé casado é. O fato é que sempre acreditei que mulher é igual bala de revólver: quando sai uma pelo cano já tem outra engatilhada e aí é que embarquei numa canoa furada e com muitas dificuldades de cortar o mal pela raiz. Explico: como mentira tem pernas curtas e as paredes têm ouvidos, descobri onde amarrei minha égua, pois minha mulher se esqueceu de que quem com porcos se mistura farelo come e as más companhias a levaram a procurar chifres na cabeça de cavalo. O pior é que ela os encontrou e os transplantou em mim! Bem que eu já andava meio desconfiado porque onde há fumaça há fogo, mas achei que quem conta um conto aumenta um ponto e entrei pelo cano.

Mas, tem nada não, o bom cabrito não berra e há males que vêm para bem. Vou tirar isso de letra porque sempre há um chinelo velho para um pé torto e não sou bobo como tatu de madrugada. Acabarei encontrando outra alma gêmea, mesmo que não tenha o mesmo encanto pois à noite todos os gatos são pardos. Só que agora não vou dar ponto sem nó porque gato escaldado tem medo de água fria e barata esperta não atravessa galinheiro. Doravante, aonde a vaca vai o boi vai atrás, uma vez que macaco velho não mete a mão em cumbuca. Não vou mais comprar gato por lebre, afinal, é preferível ser burro cinco minutos que asno a vida inteira.

Pois bem, vou continuando a encher linguiça, e enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé. A fim de resolver minha vida não vou ficar chovendo no molhado nem carregando água na peneiraÉ vivendo que se aprende e como devagar se vai ao longe e a pressa é inimiga da perfeição, pretendo seguir à risca o velho ditado: água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Não me esquecerei que coração dos outros é terra que ninguém vai fraqueza não é vício, mas conduz ao precipício. É certo que cobra que não anda não engole sapo e caminhão parado não pega frete.

Bem, leitor, se você teve paciência de ficar lendo esta porcaria até agora, saiba que galinha que acompanha pato morre afogada e como você não é mais burro que porteiraficou a ver navios. Aliás, acho melhor parar de cutucar onça com vara curta porque quem fala muito dá bom dia a cavaloO peixe morre é pela boca e é melhor trabalhar a cabeça e dar férias à língua. Se você pretende me criticar por isso, pode tirar seu cavalinho da chuva porque gosto não se discute e há quem goste dos olhos, outros da remela. A verdade é que estou sem assunto e quem não se comunica se trumbica. Sou sincero porque quem fala a verdade não merece castigo, mas reconheço que esta crônica ficou tão ruim que nem tatu aguenta.

Enfim, cesse tudo o que a antiga musa canta que outro valor mais alto se alevanta e procure me compreender, pois para bom entendedor, meia palavra basta. Por favor, não confunda bife de caçarolinha com rifle de caçar rolinha. Sua atenção eu agradeço, pois você fez o bem sem olhar a quem, e mesmo que não o fizesse, mais vale quem Deus ajuda que quem cedo madruga. Além disso nunca diga dessa água não beberei porque um dia a casa cai. Dou por encerrada esta bobagem e se alguém não gostou que atire a primeira pedra. Minha missão está cumprida, pois os fins justificam os meios e melhor não poderia ficar porque quem nasce pra lagartixa nunca chega a jacaré e quem não tem cachorro caça com gato.

Até a próxima, se não entrar boi na linha.

Publicado em março/1997