Se honrarem a promessa da recolocação da réplica em miniatura da Usina Franco Amaral, em Bom Jesus do Itabapoana, merecem aplausos

Logo em seguida à infeliz e desgraçada ação cometida por lorpas e pascácios de arrancarem um dos mais significativos símbolos da história de Bom Jesus e da microrregião — a réplica em miniatura da Usina Hidrelétrica Franco Amaral, da Praça Governador Portela, uma ´velharia´ que não se coadunava com a modernidade de descoladinhos e descoladões “pogressistas” envolvidos no planejamento da nova praça —fizemos um editorial (maio de 2010 – edição 201) com o título “https://josevaillant.com.br/o-silencio-ensurdecedor-de-um-povo-apatico/”. As teclas tiritavam febrilmente:
“…Acerta na loteria um povo que eventualmente elege como seus representantes pessoas sérias, esclarecidas, sensíveis, estudiosas, dadas ao diálogo e ao bom-senso. Não é o caso em questão em que broncos e insensíveis não têm sequer a capacidade de reconhecerem o quanto são caricatos e frívolos, o tanto de informação e de cultura deixaram escapar ao longo da vida das imediações de suas zonas cinzentas, que nesta altura mal conseguem manter preservados dois ou três neurônios”.
E continuávamos: “É o caso de uma dita autoridade (autoridade? Tal terminologia seria cômica se não fosse trágica), que preferimos não nomear porque a informação é de terceiros. Ele teria dito, sobre a réplica: – gostam de velharias? Está lá ainda. Tirem fotos para olharem toda vez que sentirem saudades…”.
E encerrávamos: “…Inconcebível! Tamanho desprezo pela memória de uma geração não poderia vicejar impunemente. Os outros representantes do povo na Câmara de Vereadores parecem ainda mais conformados. Não dão um pio. Devem concordar que velharia é para ser derrubada mesmo. E isso estaria de conformidade com quem defende o tombamento de bens históricos. Derrubar não é mais ou menos sinônimo de tombar? Pois então. O patrimônio será tombado, nem foi preciso uma sessão legislativa”.
Quantas vezes, na infância, brinquei naquela pequena escadaria e me encantei com as casinhas de força. Até a cascata funcionava! Fui crescendo e imaginando a importância que a Franco Amaral significou para as pessoas da época, que aposentaram lamparinas e lampiões. Pois agora ouço alegremente que a prefeitura pretende restaurar a obra, um bem de grande significado cultural, artístico, documental e estético.
De parabéns, portanto, pela iniciativa, e tomara não ser apenas promessa, porque preservar bens históricos e culturais é demonstrar respeito e admiração pelas origens, pelas raízes; é manifestar orgulho em ser bom-jesuense, registrar gratidão pelo progresso que a Franco Amaral trouxe para a cidade e pelos homens que conceberam a Usina.
Publicado em abril/2017