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Viagra carabuçuense; ou, mantenha o seu bilau lépido e faceiro

Fiquei sabendo de uma coisa muito interessante: em Carabuçu (distrito de Bom Jesus/RJ) um cidadão descobriu o Viagra natural muito antes de a gigante multinacional Pfizer descobrir a química que só deixa na horizontal a ferramenta de quem anda desapercebido de grana. Ah, antes de continuar, uma aulinha grátis de português que eu, por minha vez, aprendi com o Aurélio. “Desapercebido”, diferentemente de “despercebido”, significa desprovido, desprevenido. Então, fique esperto/a. Quando bater aquela vontade de demonstrar erudição, por favor, gente, nada disso, ó:

— Não vi, me passou desapercebido.

Retomando: antes que aquilo do parceiro passe despercebido, e se vocês estiverem desapercebidos de money que é good não have para comprarem um viagrinha químico básico, mantenha seu pássaro de estimação plenamente na vertical fazendo como o “cientista” Zezinho, de Carabuçu, que tem nome fictício, mas juram de mãos postas que sua descoberta foi de verdade. Me contaram assim: Zezinho passava por uma fase, digamos…, de indiferença, andava meio inapetente, não estava comparecendo junto à patroa com a mesma disposição. Tinha dias que a coisa não dava o menor sinal de vida. Ele até monologava com o dito-cujo, que estava mais parecendo “de cujus”:

— Você fica dependurado aí sem fazer lhufas, balançando pra lá e pra cá…, e nada de líquido vermelho nas cavernas? Nem ao menos um filetinho? Não me envergonhe, pelo amor de Deus!

Mas a cada dia mais envergonhado, com o dever de casa se tornando um suplício, e já desconfiado de que a patroa, com os nervos à flor da pele, estava costurando pra fora, mandando o nome dele pro SPC (Serviço de Proteção ao Corno), Zezinho, amuado, foi para o terreiro da casa pensando que a vida já não fazia sentido quando reparou que o galo também estava igual a ele; não chegava junto às penosas. Curioso foi ele também notar que que as galinhas não estavam nem aí, ficavam cacarejando saltitantes o dia todo, frenéticas, felizes como lambaris de sanga, botando ovos e mais ovos, um pouco menores, bem verdade, porém com redobrada disposição e a intervalos cada vez mais curtos. Intrigado, passou a observar mais e matou a charada.

O motivo daquela algazarra de felicidade era o seu garnisé, um espécime que, a despeito dos 20 cm de envergadura, dava conta do próprio harém e ainda quebrava o galho do ex-rival, botando moral no terreiro ao sossegar o facho também das galináceas maiores (nada que um pequenino voo não resolvesse, na ausência de algo para ajudar a subir). Enquanto o garnisé traçava 15, 20, o garbo decadente mal aguentava com uma. E foi aí que Zezinho, já no desespero, teve a ideia de comer galo garnisé, pedindo para a patroa preparar com inhame roxo.

Uns 30 dias nesta dieta, percebeu ele que a coisa deu uma melhorada, mas ainda estava longe dos tempos gloriosos. Passou então a comer apenas a moela de garnisé, e a coisa melhorou um pouco mais. Empolgado, multiplicou a produção dos nanicos e resolveu produzir suco de moela, que tomava aos litros. Ah, pra quê! Virou um garanhão, a ponto de a patroa reclamar do exagero:

— São duas da manhã, Zezinho, apaga esse fogo; cinco numa noite…, ninguém merece!

Ah. E quem não gostou nada disso foi o cliente das ´costuras´, que não mais recebeu as encomendas solicitadas. O nome do Zezinho foi reabilitado no SPC, e nesta altura ele tinha pagado todas as dívidas e ainda se fazia credor!

Já pensaram se a moda pega? O que tem de patroas à beira de um ataque de nervos por aí…, e o que tem de homens desapercebidos…, vai ser preciso acionar a Sociedade Protetora dos Animais para evitar a extinção do garnisé!

PS. Não confundam carabuçuense com… Hummm…, essa foi de mau gosto… Hoje estou tão obsceno…

Publicado em setembro/2008